Um mês depois do acidente que durante o festival aéreo Beja Air Show provocou a morte de um piloto espanhol, o Ministério Público (MP) de Beja ainda não permitiu o levantamento dos destroços do avião do local onde se despenhou.
A queda do Warbird Yak52s, que vitimou o piloto espanhol Manuel Rey Cordeiro, de 62 anos, continua num terreno anexo ao Terminal Civil de Beja (TCB), onde caiu no passado dia 2 de junho.
Segundo apurou o Lidador Notícias (LN), junto de fonte da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Beja, justificou que “temos instruções do MP para preservar os destroços, porque existe uma investigação do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF)” acrescentando que o MP questionou o GPIAAF sobre o destino a dar aos destroços da aeronave” e este terá descartado responsabilidades”, concluiu. Os destroços estão numa zona de administração do TCB, vedada por um aramado e “sempre que é necessário alguém aceder, devidamente autorizado pelo MP, a PSP faz o acompanhamento”, revelou a nossa fonte.
Recorde-se que acidente ocorreu a 2 de junho, quando às 16h05 duas aeronaves da patrulha acrobática Yakstars chocaram em pleno voo. Tal como o LN revelou na altura, “Coco” como era conhecido o piloto galego, embateu com a cauda na hélice de outro avião da mesma patrulha, tendo na fase descendente da queda da aeronave, saltado do aparelho, que não tem injeção automática das cadeiras de voo, tendo o corpo do malogrado piloto caído em cima da vedação de arame farpado da unidade militar, ficando completamente desmembrado. O paraquedas abriu só após o violento embate da rede.
No dia seguinte ao acidente, o GPIAAF em conjugação com a Força Aérea, dado que o festival era organizado e no espaço aéreo controlado por este ramo, fizeram inspeção às duas aeronaves envolvidas no mesmo. Nesse dia, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que o MP “abriu um inquérito para apurar as circunstâncias em que o acidente ocorreu, e que provocou um morto e um ferido ligeiro”, não tendo a PGR adiantado mais pormenores.
Em Nota Informativa (NI) divulgada dois dias depois do início da investigação, o GPIAAF justificava que Manuel Rey Cordeiro, conhecido como “Coco”, “saltou do aparelho após a colisão e tentou abrir o paraquedas, mas dada a baixa altitude o equipamento não abriu”,
Segundo o GPIAAF “o piloto iniciou a sequência final sem manter a separação do grupo, tendo colidido com uma outra aeronave, que provocou danos que levaram à inevitável perda de controlo da aeronave e a posição invertida da queda provocou uma violenta colisão no solo com subsequente explosão”.
A NI acrescentava que “o piloto saiu da aeronave em voo, dada a baixa altura o equipamento não abriu, não teve qualquer desaceleração, tendo como consequência a morte imediata”, justificam os inspetores do GPIAAF.
A terminar a NI do GPIAAF clarificava que “a investigação é independente e distinta de quaisquer processos judiciais ou administrativos que visem apurar culpas ou imputar responsabilidades”, concluí.
O LN questionou o MP de Beja e a PGR sobre as razões de a aeronave continuar no local um mês depois, mas não foram dadas explicações.
Teixeira Correia
(jornalista)