Beja: Cartas régias foram levadas por antigo funcionário da autarquia.
Não se sabe quando, mas o que terá acontecido é que um antigo funcionário da Câmara Municipal de Beja terá levado do edifício as cartas régias apreendidas pela Polícia Judiciária a uma família da zona de Coimbra, que as tentou comprar à autarquia.
A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu na zona de Coimbra, cartas régias escritas entre os séculos XVII e XIX, que terão sido endereçadas a figuras ilustres de Beja. A investigação começou depois do município ter participado o caso ao Ministério Público (MP) onde levantou dúvidas sobre “um possível descaminho do espólio”.
De acordo com um comunicado da PJ, trata-se de “um códice factício constituído por 165 documentos, em bifólio de papel, manuscritos entre os anos 1623 e 1806, contendo maioritariamente cartas originais enviadas em nome do ‘Rei’, do ‘Príncipe’ , do ‘Infante’ e da ‘duquesa de Mântua’ e endereças a figuras ilustres da cidade de Beja”.
O Lidador Notícias (LN) apurou que as cartas aos particulares a quem a PJ as apreendeu, ao que tudo indica através de um familiar que há anos trabalhou na Câmara Municipal de Beja, de onde os documentos foram levados.
A PJ revelou que o documento, “se encontrava de particulares” e foi apreendido no âmbito de uma investigação em curso “depois da Câmara Municipal de Beja, ter participado o eventual desaparecimento do mesmo”, justificaram.
No início de fevereiro do corrente ano, o Executivo da autarquia alentejana foi contatado pela família que há muito tinha o códice na sua posse, fazendo uma oferta de aquisição do documento, por um valor abaixo do que poderia valor num leilão público.
Sabe o LN que à Câmara Municipal de Beja foram oferecidos 20.000 euros por um documento que terá um valor superior ao dobro do que foi sugerido. Mas a família não se ficou por aqui e contatou também a Direção Geral do Livro para a possível aquisição, oferecendo o mesmo valor.
Paulo Arsénio, presidente da Câmara Municipal de Beja, revelou ao nosso jornal que, “oficiámos o MP no sentido de se averiguar a legitimidade da posse do códice, se o mesmo foi usurpado e se pertencem à autarquia. Aguardamos resposta para pedir a devolução do documento”, rematou.
A Polícia Judicia esclareceu que o códice factício “vai ser alvo de perícia no Laboratório de Polícia Cientifica para determinar a sua autenticidade”, concluíram.
Teixeira Correia
(jornalista)