A Cruz Vermelha Portuguesa quer, até ao final do corrente ano, retirar do “Edifício Refer” todos os “ocupas” que há vários meses vivem ilegitimamente no espaço, de que a instituição é locatária desde 2012.
Esta foi uma das ideias principais que saiu da reunião entre Paulo Arsénio, presidente da Câmara Municipal de Beja, e António Saraiva, homólogo da Cruz Vermelha Portugal (CVP) que ocorreu na passada sexta-feira.
Para conseguir esse propósito “vai ser criado um grupo de trabalho, pequeno e funcional, para conseguir atingir um objetivo ambicioso da Cruz Vermelha que é ter o edifício vago até 31 de dezembro. A autarquia vai estar empenhada nesse trabalho”, revelou ao Lidador Notícias (LN), o presidente da autarquia de Beja.
Paulo Arsénio assegurou ao LN que da parte da Cruz Vermelha “é assumido que o edifício vai ficar na sua posse, estudando neste momento as opções a adotar. Pode ser uma ERPI (Estrutura Residencial para Idosos), residência de estudantes ou espaço de habitação”, tendo o edil garantido que “o principal objetivo é desocupar o espaço da forma como está a ser utilizado”, concluiu.
Depois de em fevereiro de 2017 as obras no “Edifício Refer” terem parado por falta de financiamento, o imóvel começou a ser ocupado por dezenas de cidadãos nacionais e estrangeiros sem local para dormir e toxicodependentes. A PSP já foi chamada por diversas vezes ao local para colocar termo a incidentes entre os “habitantes”.
Na reunião de 6 de junho da Câmara Municipal de Beja, o assunto foi abordado por todas as forças políticas tendo sido revelado que a edilidade “notificou o proprietário e o arrendatário para tomarem medidas a fim de colocar termo à ocupação ilegal do espaço”, mas a Cruz Vermelha máxima responsável nada fez.
Recorde-se que o imóvel foi arrendado pela Infraestruturas de Portugal à Cruz Vermelha Portuguesa mediante um contrato celebrado em 28 de novembro de 2012 e válido por 20 anos, renovável por outros tantos, mediante o pagamento de uma renda mensal de 8.500 (oito mil e quinhentos) euros.
O objetivo da CVP era a criação de um lar residencial, mas, em fevereiro de 2017 as obras pararam por falta de financiamento e o imóvel começou a ser ocupado por dezenas de cidadãos nacionais e estrangeiros sem local para dormir e toxicodependentes.
Pelo meio, fica um investimento de meio milhão de euros, resultantes de empréstimo bancário para dar início às obras, e 1.122.000 (um milhão cento e vinte e dois mil) euros em rendas mensais (132 meses, desde novembro de 2012).
O contrato com a Infraestruturas de Portugal foi assinado por Luís Barbosa, então presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, para instalar no “Edifício Refer”, a Casa de Repouso e o Serviço de Apoio Domiciliário, que estão acomodados em duas casas senhoriais localizadas no Centro Histórico de Beja, mas sem condições para as funções que desempenham.
Teixeira Correia
(jornalista)