Beja: Dois anos depois do atropelamento mortal, arguido apanha pena suspensa.


Pena suspensa de 4 anos para militar alcoolizado que atropelou mortalmente um ciclista. A família “não aceita” sentença.

“Uma vida humana, a do um filho, vale quatro anos de prisão com pena suspensa”, foi o primeiro desabafo de António Martinho, pai da vítima mortal, à saída do Tribunal de Beja depois de ouvir a leitura da sentença que condenou o militar da Força Aérea (FAP) alcoolizado que atropelou mortalmente um ciclista.

Filipe Alves, o primeiro-sargento da FAP, na altura dos factos em serviço na Base Aérea (BA) 11, sediada em Beja, foi condenada a 3 anos e 6 meses crime de homicídio por negligência grosseira e a 1 ano e 4 meses pelo crime de omissão de auxílio, que em cúmulo jurídico resultou na pena única de 4 anos suspensa pelo mesmo período.

O arguido, durante o prazo de um ano, vai ter pagar 1.000 euros ao Centro de Recuperação de Alcoitão e à pena acessória de dois anos de inibição de conduzir veículos automóveis. A família da vítima foi indemnizada pela seguradora, num valor que o LN não conseguiu apurar,

O juiz Pedro Alexandre “deixou cair” o crime de condução perigosa, por embriaguez. Durante a leitura da sentença o magistrado justificou que “a suspensão da pena não é uma absolvição”, concluiu.

O advogado do militar Paulo Sternberg, sustentou que “o tribunal julga quem está cá, não quem partiu e encontrou uma moldura enquadrada e coerente”, concluiu.

Os factos ocorreram na tarde de 29 de junho de 2018, quando o arguido atropelou mortalmente Jorge Martinho (na foto), de 52 anos, quando deixava a Base Aérea (BA) 11, sediada em Beja, alcoolizado ao volante do seu automóvel. Abandonou a vítima no chão sem prestar assistência vindo a ser detido pela GNR quando procurava refugiu no interior da unidade. Sujeito ao teste de alcoolemia, acusou uma taxa de álcool no sangue /TAS), de 1,701 g/l.

Na sequência de um processo instaurado pela Força Aérea, ao abrigo do Regulamento de Disciplina Militar (RDM), o militar foi punido com 30 dias de prisão disciplinar, medida que cumpriu no interior das instalações da BA 11.

Agora num processo de inquérito interno que vai correr depois da sentença transitar em julgado o Tribunal comunicar a pena à Força Aérea, o militar agora em serviço na Base Aérea Nº6, no Montijo, pode vir a ser expulso.

Teixeira Correia

(jornalista)


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