Beja: Estudantes africanos do Politécnico sentem-se desprezados.


Na sequência da decisão da presidência do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) ter decido encerrar as seis residências de estudantes durante o mês de agosto, os alunos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) consideram estar a ser desprezados pela instituição.

Num despacho de 5 de maio, a presidente do IPBeja decidiu encerrar as residências onde estão alojamentos a grande maioria das cerca de duas centenas de estudantes oriundos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique e que durante aquele mês ficam impedidos de viver nos espaços que ocupam ao longo do ano.

Além de não terem local para dormirem durante o mês de férias, caso não tenham familiares em Portugal, ou não consigam um trabalho sazonal com direito a dormida, os estudantes viram-se ainda confrontados com pagamentos dos quartos com que não contavam, tal como não podem deixar os pertences em dispensas do IPBeja.

Mariana (nome fictício) contou ao Lidador Notícias (LN) que os estudantes caboverdianos “são dos estão a ser mais afetados, pois querem dar como extinto um protocolo entre a Associação Maense, uma instituição do nosso país e o Politécnico, em que não pagávamos nas residências”, justificou.

Incrédula, a jovem natural de Cabo Verde conta que “no passado mês de fevereiro recebemos um mail a exigir o pagamento dos quartos desde outubro e caso o mesmo não fosse efetuado tínhamos dez dias para sairmos das residências. Até agora nada foi pago”, rematou.

Questionado o Gabinete de Imagem e Comunicação (GIC), Aldo Passarinho, o Pró-Presidente para o sector e Porta-Voz do IPBeja, justificou que “o protocolo se mantém, mas por deliberação do Conselho de Gestão, o acordo anual que isentava os estudantes abrangidos não foi assinado para o presente ano letivo”. Mariana assegurou que “não nos foi comunicada antecipadamente tal decisão”, justificou.

Outra das queixas dos estudantes é a de que “a instituição não emite atestados de residência”, o que torna impossível tratar de qualquer documento, considerando que “é uma forma de pressão do género: ou pagas ou sais”. O GIC justificou que “sempre que não tenham a situação financeira regularizada, não são emitidas esta ou outras declarações necessárias”, concluíram.

Quando iam de férias, e deixavam os quartos livres, os estudantes podiam deixar os seus pertences na arrecadação da respetiva residência, situação que este ano não vai ser permitida. O IPBeja justificou que “para efetuar obras de manutenção e reparação das residências, excecionalmente durante o mês de agosto, os alunos guardam os seus pertences”, justificaram.

Ao LN, Mariana, acusou o IPBeja de ter envolvido os estudantes dos PALOP numa encenação durante a Ovibeja: “foram comprados por um prato de comida e um bilhete para o certame. Em que sem saberem ao que iam, envergaram camisolas de apoio ao aeroporto de Beja e tirarem fotos com o Presidente da República”, apontou a jovem.

O Porta-Voz do IPBeja, confirmou tal situação, justificando que uma plataforma da sociedade civil “pediu a colaboração dos estudantes para se envolverem numa ação de defesa da infraestrutura. Considerámos a sua participação como um exercício de cidadania. Foi a plataforma que operacionalizou os termos do apoio”, concluiu.

“Quando precisaram de nós era tudo facilidades. Agora que já não precisam, querem escorraçar-nos”, avisa a jovem cabo-verdiana.

Teixeira Correia

(jornalista)


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