Beja: Fernando Palma já estendeu mangueira de rega para dar 10 voltas ao mundo.
A equipa de trabalho de Fernando Palma já estendeu 250 mil quilómetros de mangueira para rega. No passado mês de maio estabeleceu um novo recorde: “estendemos 285 quilómetros de mangueira num só dia”.
Nome: Fernando Palma, Idade: 60 anos
Profissão: Empresário agrícola
Naturalidade: Mértola e Residência: Beja
“Quem sai aos seus não degenera”, é assim que Fernando Palma lembra as suas origens e da união ao pai, um homem sempre ligado à agricultura e foi com ele que aprendeu os segredos do campo: da labuta, do suor e do ganha-pão.
Desde 1983 que é empresário agrícola, ainda nos difíceis tempo das culturas de sequeiro, mas que com chegada da água de Alqueva, e a abertura dos canais de rega, alterou as culturas para o regadio, foi o início de uma segunda reforma agrária. Desde esta mudança já estendeu cerca de 250.000 quilómetros de mangueiras para a rega gota-a-gota, em propriedades agrícolas em Portugal e Espanha. “Já estendi mangueiras para dar 10 voltas ao mundo”, revela a rir Fernando Palma.
É no Monte Novo do Maltalhado, uma propriedade localizada a 5 quilómetros de Beja, com 56 hectares todos plantados de olival, virados para a produção integrada de azeite, numa agricultura familiar, que está instalado o centro do negócio.
Em 2000 foi pioneiro na introdução em Portugal das motas de 4 rodas de competição na agricultura, criando um mecanismo que espalha os adubos de cobertura nos trigais. Cinco anos depois, compra na Austrália um equipamento de herbicida, cuja inovação chega aos ouvidos de David Boot, um britânico, gestor de inúmeras vinhas no Alto Alentejo. “Comecei a trabalhar com ele. Deu-me muito dinheiro a ganhar. Foi muito importante na minha vida”, recorda agradecido.
Mas há outro nome homem que lhe merece elogios, Brigido Chambra, agricultor espanhol e responsável do grupo produtor em milhares de hectares de olival e amendoal: “goste-se ou não, é o pai de Alqueva. Foi ele que trouxe os grandes investidores espanhóis para o Alentejo”, justifica.
Sobre os naturais do seu concelho natal, diz o ditado popular: “em Mértola, ou malucos os matemáticos” e Fernando Palma não quis fugir a esse adágio e fez contas de como ganhar dinheiro. “Nas minhas instalações fabriquei um desenrolador de mangueiras para adaptar as motas de 4 rodas e registei a patente. A partir daí foi sempre a esticar”, justificando que estávamos no ano de 2007.
Mas, dez anos depois dá-se a grande explosão na atividade agrícola e prestação de serviços da família Palma. Ainda que ligados a outras empresas do ramo agrícola, Fernando cria a FerJuFilhos, e na gestão da sociedade conta com os dois filhos, Luís e Ana, e que tem 12 trabalhadores no ativo.
“Comprei veículos multiusos de quatro rodas e a capacidade de trabalho aumentou. Entre 2017 e 2019, esticámos 100.000 quilómetros de mangueiras”, revela. A empresa trabalha para as principais casas agrícolas em Portugal e mesmo durante o período da pandemia o trabalho foi intenso. Olival, amendoal, pistachos, vinhas e nogueiras, são plantações que precisam de água. “Num desses dias batemos o recorde de distribuição. Estendemos 285 quilómetros de mangueira num só dia. Foi sempre prego a fundo”, atira feliz.
Fernando Palma aguarda a abertura das fronteiras com Espanha e o primeiro trabalho no pós-covid será no País Basco, numa herdade localizada perto da fronteira de Irun/Handaya (França). “Da saída ao regresso, palmilhamos 2.000 quilómetros de estrada. Porquê? Porque somos bons naquilo que fazemos”, resume o agricultor.
Teixeira Correia
(jornalista)