Beja: Julgamento de GNR’s de Odemira começou ontem.
Militares da GNR de Odemira, que ontem começaram a ser julgado no Tribunal de Beja, negaram sequestro e agressões a imigrantes.
Os militares da GNR do Destacamento Territorial de Odemira que foram ontem ouvidos no Juízo Central Criminal de Beja, negaram perante um Tribunal Coletivo, a prática de sequestro e agressão a imigrantes indianos de que estão acusados.
São cinco os arguidos, com idades entre os 24 e os 36 anos, um do posto de Odemira e quatro ao posto de Vila Mova de Milfontes, e estão acusados em co-autoria de oito crimes, sendo quatro de ofensa à integridade física qualificada, dois de sequestro e dois de violação de domicílio por funcionário. Um dos arguidos responde ainda pela prática de um crime de falsificação de documento.
Os cinco militares, estão suspensos de funções, estando um dos arguidos, também sujeito à obrigação de permanência na habitação, foram detidos em 8 de maio de 2019, após uma operação da PJ de Setúbal, sob a acusação de terem “forçado um portão e depois a porta de uma habitação, baterem gratuitamente, em indivíduos indianos com que se depararam, nomeadamente, Kuldeep Kumar”, na localidade de Longueira-Almograve (Odemira).
Na abertura da sessão o juiz presidente, Vítor Maneta, fez questão de lembrar aos arguidos que “estão a ser julgados enquanto militares da GNR e que têm um código deontológico e em caso de prestarem declarações, o devem respeitar, tal como à comunidade”, justificou.
Na generalidade os arguidos “refutaram a existência de agressões”, admitindo “a entrada indevida” em casa das vítimas, mas que Kuldeep Kumar, os acompanhou de “livre e espontânea vontade”, justificaram.
O caso teve origem num jantar que se realizou a 30 de setembro de 2018, num restaurante de Almograve, que juntou cerca de 25 trabalhadores agrícolas indianos, “patrocinado” por Gurjit Singh, que segundo a acusação “está conotado pelas autoridades policiais com o tráfico de seres humanos para exploração laboral”.
O primeiro dia do deste julgamento que além dos cinco arguidos, tem 10 testemunhas, entre eles seis trabalhadores indianos, ficou marcado por alguns incidentes, nomeadamente, com a companheira do primeiro arguido que prestou declarações depois de ter saído e entrado na sala duas vezes, o que levou a que o presidente do Coletivo de Juízes, Vítor Maneta, admoestasse que “quem quer assistir não entra e saí. Aqui não há pombos-correios”, rematou.
Teixeira Correia
(jornalista)