Beja: Produtores de amêndoas usam réplicas de falcão predador.


Há produtores de amêndoas que estão a combater as pragas de pássaros, particularmente os pardais, que atacam os amendoais, colocando no meio das árvores uma réplica animada de predadores que espanta os invasores, o Falcão Ecológico Voador (FEO).

Só na zona coberta pelo regadio de Alqueva, a área com amendoais já ultrapassou os 15 mil hectares.

Trata-se de um sistema repelente das aves, baseado num protótipo de um falcão, ultraleve, suspendo no topo de uma vara, normalmente uma cana de pesca em fibra de carbono, com 6 metros de altura, para planar e imitar o voo da ave de rapina.

Este sistema substituiu os incomodativos e poluentes sonoros e, em muitos casos ilegais, tiros de caçadeira, canhões de gás e rádios que emitem sons de aves de rapina e de socorro dos próprios pardais. Além da questão ambiental está a financeira, enquanto um canhão de gás custa cerca de 1.400 euros e um rádio 300 euros, cada unidade do FEO, custa 3 euros se for importado da China ou 9 euros se vier da República Checa.

Durante o ano de 2021, o Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) do Comando Territorial de Beja da GNR apreendeu vários canhões de ar e botijas de gás e rádios “espanta pássaros”, por falta de licenciamento junto do Instituto Nacional de Conservação das Florestas (ICNF) tendo emitido dezenas de autos de contraordenação cujas coimas podem ascender aos 45.000 euros,

O Falcão Ecológico Voador está a ser implementado em algumas explorações do concelho de Beja e chegou através de um familiar de um produtor de amêndoas que viu o sistema em vários aeroportos de África e trouxe alguns que foram testados com sucesso.

No limite urbano da Beja, Fernando Palma é arrendatário de um amendoal com 5,5 hectares, onde já tem cerca de duas dezenas de “falcões voadores” a esvoaçar por cima das amendoeiras. “É uma solução muito mais económica no custo inicial e é menos trabalhosa. É também mais ecológica, quer em termos ambientais para as aves e menos poluidora de sons para as populações”, disse ao Lidador Notícias (LN), Fernando Palma, que já divulgou o FEO por alguns amigos produtores de amêndoa.

“A minha empresa está certificada com proteção ambiental e a firma que trata dessa certificação desconhecia a existência destes pássaros”, revelou o agricultor.

Cinco quilómetros a sul de Beja, em Santa Clara de Louredo, o barulho dos canhões de gás, que simulam tiros era ensurdecedor e não dava descanso à população. O presidente da Junta de Freguesia, Luís Gaspar, fez diversas queixas Na GNR, Câmara de Beja e Comissão de Coordenação Regional (CCDR), “a protestar contra o insuportável barulho e a exigir que fosse cobro à situação. Parecia que estávamos num campo de tiro. Não havia respeito por nada nem por ninguém”, revelou ao LN.

“Há uns meses a esta parte acabaram com o barulho, foram colocados uns pássaros de plástico que espantam a passarada e não fazem qualquer barulho. Parece que vivemos noutro lugar”, disse satisfeito o edil.

Segundo o ICNF, a autorização para o uso de canhões e de outros meios, como os rádios espanta pássaros “decorre da necessidade de compatibilizar a atividade agrícola com a conservação das espécies”, sendo necessárias licenças para a utilização dos sistemas repelentes no cumprimento dos níveis de ruído do método usado para espantar os pássaros invasores.

Teixeira Correia

(jornalista)


Share This Post On
468x60.jpg