O Museu Rainha Dona Leonor, em Beja, acolhe presentemente uma exposição de originais de Jayme Cortez (1926-1987), que tem curadoria de Fabio Moraes e Paulo Monteiro e estará patente até dia 31 de Julho.
A mostra, que esteve patente na primeira quinzena de Junho, no XVII Salão Internacional de Banda Desenhada de Beja, centra-se no capÃtulo da ilustração, no qual o autor português se distinguiu especialmente na área do terror. As famosas capas da revista “Calafrio” e ilustrações para cartazes de cinema e capas de livros são uma parte do material que é possÃvel apreciar.
Este acervo, que se encontra à guarda do futuro Museu de Banda Desenhada de Beja, segundo a organização “constitui um corpo fundamental para o estudo da arte popular da segunda metade do século passado”.
Possuidor de um traço nervoso e dinâmico, magnificamente aplicado com pena ou pincel, Jayme Cortez era também mestre no uso de fortes contrastes de branco e negro, sendo a sua planificação valorizada pela constante mudança de enquadramentos, que conferiam um dinamismo extra às narrativas.
Nascido em Lisboa a 8 de Setembro de 1926, publicou a sua primeira banda desenhada aos 15 anos na revista “PimPamPum!”. Seria no entanto nas páginas de “O Mosquito”, que começaria a sua afirmação, a partir de 1944, com obras como “Uma espantosa aventura”, “Os seis terrÃveis”, “Os dois amigos na cidade dos monstros marinhos” ou “Os espÃritos assassinos”. De comum a todas, fica o tom entre o fantástico e o terror, e a entrega do protagonismo a crianças lisboetas tÃpicas.
Em 1947, partiria para o Brasil, onde fixou residência em São Paulo, casou e fez carreira, começando como cartoonista, desenhador de tiras para jornais e ilustrador em publicações juvenis, até chegar à editora La Selva, onde fez capas e foi diretor de arte.
A partir da década de 1950, destacou-se na área do terror e foi um dos organizadores da Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, a primeira a nÃvel mundial, que se realizou em 1951, em São Paulo.
Grande defensor da produção brasileira, foi professor de arte, escreveu três livros sobre desenho e ilustração, durante mais de uma década (1964-1976) foi diretor de criação da McCann Erickson, passando depois a diretor de merchandising e animação na MaurÃcio de Sousa Produções.
A sua longa carreira valeu-lhe diversas distinções, entre as quais o prémio Jabuti, em 1969, pela capa de “Barro blanco”, e o troféu Caran D’Ache, em 1986, no salão de Lucca, Itália, pelo conjunto da sua carreira.
Um ano depois, faleceu, vÃtima de ataque cardÃaco, mas a sua obra continua a surpreender e a ser revisitada pelas sucessivas gerações.
Há dois anos, a editora brasileira Pipoca & Nanquim publicou uma antologia dos seus trabalhos na área do terror, incluindo as duas versões da famosa banda desenhada “O Retrato do Mal”, num substancial volume intitulado “Fronteiras do Além”.
A exposição no Museu Rainha Dona Leonor estará patente até dia 31 de Julho.
NotÃcia: Jornal de NotÃcias/ Joel Cleto