CVP: Francisco George de novo debaixo de fogo. Acusada de gestão “incapaz”.
Terceira carta subscrita por médicos, enfermeiros, técnicos e administrativos da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), enviada aos presidentes da República e da Assembleia da República, ao primeiro-ministro e aos ministros das Finanças e da Defesa, a denunciar gestão “incapaz” de Francisco George.
“A figura de Francisco George e da equipa que representa é absolutamente incompatível com o futuro do Hospital da Cruz Vermelha. A sua presença põe em perigo a continuidade da nossa missão”, denuncia a terceira, revelada hoje pelo Jornal de Notícias (JN).
O documento garante que se criou uma “situação” de rutura sem retorno com Francisco George, que é também presidente não executivo do Conselho de Administração do hospital, sendo caracterizado como “incapaz” para ocupar aquela função.
O grupo de profissionais denuncia ainda tentativas de despedimento compulsivo e ameaças de redução de salários de médicos. “Os administradores nomeados em 2018, causaram o maior prejuízo da sua história”, revela a carta.
Por seu turno o JN apurou que em 2017, o lucro foi de 852 mil euros. No ano seguinte, registou um prejuízo de 203 mil euros, que aumentou para 3,86 milhões em 2019.
Contratos lesivos comunicados ao Ministério da Defesa
As suspeitas de má gestão de Francisco George foram denunciadas numa outra carta ao ministro do Defesa, onde são revelados contratos celebrados pelo presidente da CVP que terão lesado a instituição.
O aluguer do Palácio de Conde de Óbidos, permitiria encaixe 800 mil euros, mas no celebrado em agosto de 2019, o valor era apenas de 150 mil a 175 mil euros.
Com espaço alugado para albergar o Centro Humanitário de Lisboa, a CVP passou a pagar sete mil euros/mês de rendas, quando nada pagava no Prior Velho.
Respostas de Francisco George
Ao JN, o presidente da CVP, justificou que “esses problemas estão relacionados com uma crise de identidade. Compreendo que esta orientação possa não agradar a todos os que reclamam no sentido contrário”, não respondendo às questões de foi acusado na carta.
Francisco George nomeia nova gestão na Delegação de Beja (Lidador Notícias)
Francisco George tomou posse como presidente da CVP em 23 de novembro de 2017 e no dia 1 de dezembro “provocou um terremoto” na gestão da Delegação de Beja, com várias nomeações.
Graça Urge é a primeira presidente da Delegação de Beja, até aqui Centro Humanitário, da Cruz Vermelha Portuguesa. Eduarda Montes, é a vice-presidente e José Lemos, o Delegado Regional do Sul e Tadeu de Freitas, que chegara a Beja em novembro de 2010, como gestor de emergência, foi despromovido para o cargo de diretor Executivo.
Na altura Francisco George anunciou que a Cruz Vermelha ia investir mais de um milhão de euros na construção, nas antigas instalações da Refer, em Beja, de uma nova residência para utentes da instituição, cujas obras, depois de gastos 500 mil euros, foram interrompidas em fevereiro de 2017, por falta de financiamento. “No dia 2 de janeiro de 2018 as obras vão ser retomadas. Está garantido o financiamento de 600 mil euros para as concluir”, justificou.
Apesar das obras estarem paradas desde fevereiro do corrente, a CVP teve que continuar a suportar o pagamento da renda mensal do edifício, no valor de 8.500 euros, o que significou um dispêndio de 340.000 euros.
Teixeira Correia
(jornalista)