(Exclusivo) Aljustrel: Bebé nasce em posto de abastecimento por falta de médicos.
A ausência de obstetras no Serviço de Urgência da especialidade, levou grávidas a serem desviadas para Évora, ou a partos em ambulâncias. Zita nasce na ambulância dos Bombeiros de Aljustrel.
Uma mulher deu ontem à luz, cerca das 13,30 horas, no interior de uma ambulância, num posto de abastecimento de Aljustrel, quando se dirigia para Évora, a 120 quilómetros de distância, devido à inexistência de obstetras no Serviço de Urgência do Hospital de Beja.
A pequena Zita veio ao Mundo com o auxílio dos bombeiros de Aljustrel e do pessoal da ambulância SIV (suporte imediato de vida) de Castro Verde, que foi acionada para o local. A bebé e a mãe foram depois conduzidas para Beja.
Os Bombeiros de Aljustrel já viram nascer este ano ano três bebés, antes de chgarem à maternidade. Num dos casos, nem chegaram a intervir, porque a mãe teve a criança à porta do quartel, Nos outros dois os partos foram assistidos por elementos da corporação.
Este foi o caso que melhor refletiu o constrangimento que a falta de um segundo médico obstetra provocou no Hospital de Beja.
Um outro caso ocorreu no concelho de Moura, onde uma mulher foi transportada diretamente para o Hospital de Évora a mais de 85 quilómetros de distância.
Desde as 08,00 horas deste domingo e até às 08,00 horas de amanhã, as grávidas têm que recorrer, pelos próprios meios, aos serviços do Hospital do Espírito Santo, em Évora, percorrendo mais de 80 quilómetros sem qualquer assistência médica.
Em causa está o facto de a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) não ter conseguido nomear um segundo médico de Obstetrícia/Ginecologia para o Serviço de Urgência, que funciona no 5º piso do Hospital José Joaquim Fernandes, o que leva à inviabilização do atendimento das parturientes.
“Imperativo de força maior”, diz Conselho de Administração da ULSBA
Questionado pelo Lidador Notícias (LN), o Conselho de Administração da ULSBA justifica que a situação “decorre de um imperativo de força maior, tendo sido esgotados todos os esforços no sentido de garantir a presença do segundo especialista”, acrescentando que o CA viu-se na “indesejada contingência de proceder ao referido encerramento”, justificaram.
A administração da unidade hospitalar ressalva que “as situações emergentes serão objeto de atendimento pela equipa multidisciplinar que constitui o Serviço de Urgência, regressando ao normal amanhã”, concluiu.
Tal como em anteriores situações será comunicado à mulher ou à família, que terão que recorrer pelos seus meios a outra unidade hospitalar e a mais perto será o Hospital de Évora. Outros hospitais a que as parturientes poderão recorrer serão os de Setúbal, Faro e Portimão.
Quarta vez este ano
Esta é a quarta vez que esta situação se verifica no Hospital José Joaquim Fernandes, uma vez que nos no fim-de-semana de 5 e 6 de janeiro, 2 de março e 12 de abril ocorreu a mesma situação, que por vezes foi “remediada de forma intermitente” durante algumas horas com o médico de serviço, destinado ao atendimento das doentes internadas no Serviço de Obstetrícia, que funciona no 5º piso do Hospital de Beja.
Teixeira Correia
(jornalista)
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