Os profissionais dos antigos Centro de Apoio a Toxicodependentes, estão fora da vacinação prioritária. No Alentejo é a situação é de descontentamento.
Médicos, enfermeiros e psicólogos dos Centros Respostas Integradas (CRI’s) do Alentejo, antigos CAT’s-Centro de Apoio a Toxicodependentes, não foram ainda vacinados contra a covid-19, em virtude de “não serem enquadrados como trabalhadores de saúde da linha da frente”.
Os CRI’s estão integrados na Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (DICAD) e trabalharam diretamente com pessoas toxicodependentes e portadoras de HIV, que por sua vez estão sob a alçada das Administrações Regionais de Saúde (ARS). No caso do Alentejo existem cinco CRI’s, em Beja, Évora Santiago do Cacém, Elvas e Portalegre, com mais de 60 profissionais.
O descontentamento entre estes profissionais de saúde é grande tendo já levado a subscreverem um documento onde demonstraram o seu descontentamento junto da ARSAlentejo. João Sardica, coordenador regional da DICAD do Alentejo, cuja sede fica em Beja, a única fora da chamada “Capital Regional”, justificou que “esse descontentamento é um facto, porque a população que os profissionais atendem, são um alvo problemático”, justificou.
O JN questionou a ARSAlentejo sobre as razões de estes profissionais não serem vacinados, o Gabinete de Comunicação (GC) da instituição, justificou que “não são considerados prioritários, por não estarem no atendimento direto a doentes infetados com a covid-19”, acrescentando que a instituição “está a aguardar indicações da task force, a nível nacional”, concluíram.
Questionada sobre o facto de alguns profissionais já terem sido vacinados, o GC da ARSAlentejo confirmou tal situação e explicou que “do CRI Alentejo Central (Évora) e do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém) foram-no a partir de vacinas sobrantes, de frascos diluídos”.
Na sua página de facebook, Álvaro Calado, técnico superior de saúde de um dos CRI’s, deixou o desabafo “de um servidor da coisa pública há 41 anos”, contra aquilo que considera ser a “decisão dos burocratas” por não estarem incluídos na primeira fase da vacinação. Agastado e desalentado, ameaçou em protesto, “acho que vou mandar a toalha ao chão … ir de férias para Cuba onde a vacina aos turistas é dada” e à boa maneira alentejana rematou: “Arre Porra, não há pachorra”, concluiu.
A situação é tanto mais explosiva no seio da DICAD do Alentejo, quando a informação que é conhecida é a de que os profissionais das outras regiões já terão sido vacinados.
Teixeira correia
(jornalista)