A anunciada “pausa em 2025” na realização do Festival Sudoeste, que há quase 30 anos se realizava em Zambujeira do Mar, pode acarretar um impacto negativo de 4,5 milhões de euros no concelho de Odemira.
A conclusão teve por base um estudo sobre o “O impacte económico e sociocultural de Festival Meo Sudoeste no concelho de Odemira”, elaborado em 2017 por três docentes do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) e um Doutorando em Gestão e membro da Ordem dos Economistas.
Os autores do estudo concluíram que há oito anos, o impacto económico direto gerado pelo evento foi de 3.805.734 euros, que não considerou os gastos feitos pela organização. Abordando apenas as despesas efetuadas fora do recinto, o impacto foi na ordem de 2.031.744 euros.
Ao Lidador Notícias (LN), Eugénio Rosa começou por recordar que naquela época participaram no evento cerca de 200.000 pessoas, das quais 83,2% não eram residentes na região e muitos eram estrangeiros, e que em função da inflação, os benefícios dispararam.
“Esse fluxo de visitantes gerou um impacto económico direto estimado, aos preços de hoje, em 4,5 milhões de euros, enquanto que o impacto indireto atinge os 2,4 milhões de euros”, tendo o economista justificado que “esses valores refletem a ampla influência do festival em diversos setores da economia local”, concluiu.
Recorde-se que ao longo de três décadas o Festival Sudoeste atraiu ao concelho de Odemira, em particular a Zambujeira do Mar e às localidades em seu redor, milhares de visitantes/festivaleiros portugueses e estrangeiros.
A Herdade da Casa Branca, espaço onde decorriam os concertos, o parque de campismo, os canais de rega do Perímetro do Mira e belas praias da Costa Alentejana, foram espaços marcantes na vida de muitos jovens, que foram gerando um inigualável impacto na economia local.
Eugénio Rosa lembra que os principais beneficiários do evento foram “a restauração e o comércio, com um aumento significativo nas receitas, a hotelaria e o alojamento, com moradores a disponibilizar habitação temporária”, sendo que o emprego temporário também “deu oportunidades” de a jovens e residentes locais. Para o economista, a não realização do festival “tem consequências severas para a economia e turismo da região, com os negócios acima referidos, que beneficiavam da afluência dos festivaleiros, enfrentarem uma queda abrupta nas receitas”, justificou.
Há vários meses que o empresário Luís Montez, proprietário da empresa Música no Coração dona e organizadora do Festival Sudoeste, vinha dando sinais de graves dificuldades financeiras. O ano passado o certame “levou a grande machadada” ao perder o patrocínio da MEO, que há 18 anos dava o naming e era o grande suporte financeiro do mesmo.
Na passada sexta-feira, através de uma nota na página do evento publicada na rede social Instagram, foi explicado que “em 2025, fazemos uma pausa para prepararmos um novo capítulo. O futuro está à nossa frente e prometemos que vai valer a pena. Até já”, lia-se na missiva.
Na passada sexta-feira ao Observador, sem patrocinador Luís Montez passou “as culpa” para as autarquias justificando que “com eleições autárquicas este ano há concertos de norte a sul do país. É impossível concorrer com espetáculos gratuitos”, rematou.
O LN contatou o presidente da Câmara Municipal de Odemira, sobre a não realização do festival e as justificações do empresário, tendo Hélder Guerreiro justificou que não prestava declarações sobre o assunto que diz respeito ao promotor do evento.
Alternativas e possíveis soluções
Para Eugénio Rosa, Apesar das dificuldades, para Eugénio Rosa, há alternativas para mitigar os impactos negativos e o economista aponta cinco medidas que podem ser consideradas: diversificação de eventos (criar um novo festival de menor escala, com parceiros), parcerias público-privadas (com autarquias, turismo e empresas locais na viabilização de evento alternativo), promoção do turismo cultural (festivais gastronómicos, desportivos e culturais), apoio ao comércio local (incentivos para ajudar comerciantes a reinventar os seus negócios) e captação de novos patrocínios (negociar com outras marcas interessadas em investir num evento com notoriedade).
Teixeira Correia
(jornalista)