Garvão: ACT deve intervir na situação da Unidade de Cuidados Continuados.


Presidente da Câmara de Ourique foi falar com os trabalhadores da instituição que têm ligação à Futuro de Garvão e não a empresa gestora. O encerramento eliminou “30 camas” e vai extinguir “40 postos de trabalho”.

O encerramento da Unidade de Cuidados Continuados de Garvão (UCCG) encerrou por insolvência/falência da empresa proprietária, levando à eliminação de 30 camas e transferência dos utentes e extinguiu 40 postos de trabalho. O encerramento do exercício da empresa proprietária Fiel Santos Cardoso, Unipessoal Lda, ocorreu no passado dia 31 de dezembro.

A primeira denúncia tinha sido feita pelo ex-deputado e candidato a novo mandato, João Dias, enfermeiro de profissão, que revelou na segunda-feira que a UCCG ia encerrar, tendo sido secundado pela Associação Nacional de Cuidados que reafirmou em comunicado “a falência e o consequente encerramento” daquela unidade.

Durante o dia de quarta-feira várias corporações de bombeiros da região fizeram a transferência dos utentes para outras Unidade de Cuidados Continuados de Serpa, Mértola, Odemira (distrito de Beja), Santiago do Cacém, Grândola (distrito de Setúbal), Montemor-o-Novo, Portel (distrito de Évora), Ponte de Sor, Elvas e Alter do Chão (distrito de Portalegre).

Quantos aos trabalhadores aguardam a visita da Autoridade para as Condições do Trabalho, que deverá ocorrer na próxima semana, com vista a iniciar um processo que possa conduzir à suspensão dos contratos de trabalho e à sua colocação no fundo de desemprego.

O presidente da Câmara de Ourique, esteve ontem (quinta-feira) reunido com os trabalhadores para “deixar o apoio e solidariedade da autarquia e ajudar no que estar ao alcance da autarquia”, tendo Marcelo Guerreiro confessado ao Lidador Notícias (LN) a sua desilusão porque “quem sofre as consequências de uma gestão catastrófica são os mesmos culpados, os trabalhadores”, concluiu. Segundo apurou o nosso jornal, os funcionários pertenciam à Associação Futuro de Garvão, cuja direção se desmembrou face aos graves problemas financeiros, sendo gerida por novos donos.

A UCCG começou a funcionar em 14 de maio de 2012, gerida pela Futuro de Garvão-Associação de Solidariedade Social, tendo sido inaugurada em meados de dezembro desse ano, pelo então secretário de Estado Adjunto do Primeiro-ministro Passos Coelho e presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. Em causa está um investimento superior a um milhão de euros, sendo que mais de 722 mil, foram suportados pela Administração Regional de Saúde e por fundos privados.

Em 28 de fevereiro de 2020 foi feita a escritura de aquisição da unidade de cuidados continuados à Futuro de Garvão pelo jovem médico Miguel Fiel Cardoso e foi na sequência dessa compra que foi descoberto um desvio de dinheiro na instituição, num montante superior a 100 mil euros. Temendo a descoberta, um diretor e a mulher que era funcionária da instituição, acompanhados de uma advogada, assumiram a autoria do desvio.

Aquando do negócio, Miguel Cardoso afirmou saber que a instituição tinha “graves problemas financeiras, mas não imagina este desenlace”, acrescentado que “comprámos o edifício e alugámos os espaços à Futuro que gere as valências prestadoras de serviços”. Um imbróglio jurídico e de gestão que termina da pior forma para os trabalhadores.

O LN tentou contactar os responsáveis da associação e da empresa de Miguel Cardoso, mas sem sucesso.

João Dias (PCP) questiona Ministérios do Trabalho e Saúde

Através da assembleia da República João «Dias, deputado do PCP na última legislatura, questionou o Governo, através do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social sobre as medidas que “iriam ser tomadas e se o Executivo está disponível para assumir a gestão pública da instituição e que intervenção vai ter a ACT para assegurar os direitos dos trabalhadores”.

Já através do Ministério da Saúde, pretende João Dias saber que medidas vão ser tomadas para “a reabertura da Unidade e se concorda com a venda do edifício financiado com dinheiros públicos e fixado a pagar uma renda financiada pelo Estado”.

Teixeira Correia

(jornalista)


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