Odemira: Crime de Saboia, com homicídio e profanação de cadáver começou a ser julgado.


Um pretenso desaguisado por causa de poço, seria a causa para a morte de António Felizardo, por parte do presumível homicida, Casimiro Martins. Mas o “inverosímil” testemunho do vizinho de ambos Florival Gonçalves, deixou Procurador e Juízes “incrédulos”.

BEJA- Homicída Casimiro_800x800Começou ontem no tribunal de Beja o julgamento de Casimiro Martins, 66 anos, o presumível homicida do vizinho, António Felizardo, de 50 anos, próximo de Saboia, concelho de Odemira, que depois de morto foi escondido numa ribeira e depois regado com combustível e o corpo incendiado.

O fato da prova recolhida ter chegado ao processo através de uma testemunha e não da investigação da Polícia Judiciária de Setúbal, pode levar a um volte face na sentença e até mesmo à retirada de uma certidão para abertura de um processo autónomo.

O cadáver foi descoberto no dia 20 de agosto do ano passado e a vítima teria sido morta dois dias antes e uma inexplicável disputa por um poço que dividia as propriedades que os dois habitavam, teria estado na origem do crime.

Casimiro Martins, que só foi detido dois meses depois, chegou ao tribunal acusado dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida, mas face à forma como a prova “recolhida” chegou ao processo pode levar a uma reviravolta naquilo que era uma condenação e máxima para o arguido.

O testemunho “demasiado pormenorizado e muito contraditório” de Florival Gonçalves, vizinho da vítima e do presumível homicida, o homem que encontrou o cadáver e posteriormente o telemóvel da vítima e a arma do crime em casa de Casimiro, deixou o Procurador e o Coletivo de Juízes “à beira de um verdadeiro ataque de nervos”.

Quando inquirido pela juíza presidente se queria prestar declarações, Casimiro Martins, respondeu: “Não presto porque não me lembro de nada. Não sei de nada, esqueço tudo, a minha memória não me ajuda. Nasci assim”, concluiu.

Por seu turno Florival Gonçalves fez um depoimento tão inverosímil que levou o Procurador a dizer que fez “um trabalho de investigação de CSI”, tendo a testemunha respondido que surgiram “bocas” entre os vizinhos de que podia ter sido ele e “decidi atuar”.

A testemunha foi ao ponto de dizer que recolheu o telemóvel da vítima e a pistola Browning, calibre 6.35 mm, pretensamente escondido pelo homicida, levo-os para casa e só depois os entregou às autoridades.

Durante a audição de Rui Oliveira, inspetor da PJ de Setúbal, a juíza Ana Batista, perguntou porque razão não consideraram Florival “como suspeito” e não terem levado a linha de investigação para “um conflito entre vizinhos e a vítima ter sido o bode expiatório”, tendo em conta que “todas as provas foram encontradas por aquela testemunha”, concluiu.

A magistrada deixou bem claro que quem cometeu o crime “foi alguém que teve a preocupação que não houvesse fogo na mata. O corpo estava num barranco seco e limpo”, concluiu.

Por seu turno, o inspetor admitiu que “a vítima foi alvejada num local qualquer e transportado e queimado naquele ribeiro”, rematou.

Teixeira Correia

(jornalista)


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