Opinião (Rogério Copeto/ Oficial FNR): AS FAKE NEWS E ACOMUNICAÇÃO SOCIAL LOCAL.


É cada vez mais difícil saber o que é real e o que não é, no mundo das notícias digitais, especialmente nas redes sociais, pelo que as notícias veiculadas pelos Órgãos de Comunicação Social (OCS) de âmbito local são das poucas em que ainda se pode confiar.

Rogério Copeto

Tenente-Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Chefe da Divisão de Ensino/ Comando de Doutrina e Formação

Verifica-se que atualmente as pessoas estão cada vez mais interessadas em notícias locais do que ​​em notícias de âmbito nacional, nomeadamente as políticas ou as económicas, especialmente os jovens, por ser mais fácil confiar nas notícias veiculadas pelos jornais ou rádios locais.A beneficiar dessa confiança estão as plataformas de informação de âmbito local, porque para além de transmitirem notícias fidedignas, transmitem noticiais atuais e em tempo real, o que aumenta a apetência por este tipo de projetos digitais de informação, sendo a sua aposta em conteúdos de qualidade e exclusivos, podendo ser acessíveis em qualquer plataforma, continuamente, quer seja através das redes sociais, quer seja através de pesquisas em motores de busca.

É esta combinação que as pessoas valorizam cada vez mais, disponibilizando-se inclusivamente a pagar por este tipo de serviço, para que possam aceder a notícias, em qualquer altura e qualquer lado, reduzindo cada vez mais no futuro o recurso à publicidade.

E no que diz respeito às fake news, que o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump tornou numa expressão quotidiana, mas que não é nova, e que tem desempenhado um papel muito importante na internet e nas redes sociais, devido à facilidade com que podemos aceder e partilhar conteúdos falsos ou duvidosos, com as consequências que daí advêm.As fake news têm o potencial de atravessar o mundo, com um simples clique e com a agravante dos fazedores de fake news se estarem a tornar cada mais sofisticados, à medida que o incentivo financeiro também cresce.Este incentivo financeiro, que serve para patrocinar as páginas que propagam fake news, como é do conhecimento público, lucram diretamente através da publicidade existentes nessas páginas, servindo as parangonas de isca para cliques, com o propósito direto de gerar receita, frequentemente também associadas a clik-bait headlines, que fornecem informações suficientes para tornar curiosos os leitores, mas não o suficiente para satisfazer sua curiosidade sem clicar no conteúdo vinculado.Atualmente a generalidade das pessoas recebe as notícias diretamente na sua cronologia do Facebook, e é do senso comum que a maioria não investiga a origem dessas mesmas noticias, dando-as como credíveis, partilhando-as.

E no que diz respeito às consequências da partilha de fake news e do uso da big data pelas redes sociais, como é o caso do Facebook, tivemos oportunidade de abordar esse assunto no nosso artigo com o título Inteligência Artificial, publicado aqui no Lidador Notícias em 16 de maio de 2018, onde referimos que tal situação “terá sido responsável pela eleição do Presidente dos EUA, Donald Trump e na saída do Reino Unida da União Europeia, o chamado Brexit”.

Como responsável pelo Brexit e pela eleição do atual Presidente dos EUA, foi apontada a empresa Cambridge Analytica, que terá “roubado” os dados de 50 milhões de eleitores norte-americanos no Facebook, tendo por isso Mark Zuckerberg alterado toda a política de privacidade da sua rede social e implementado medidas para identificar as fake news, nomeadamente com a introdução de algoritmos de inteligência artificial, que impedem a sua disseminação.

Para além disso, o Facebook passou a disponibilizar um conjunto de dicas, que todos os utilizadores devem ter em conta, quando consultam notícias na sua cronologia, nomeadamente: “– Desconfia dos títulos. As notícias falsas costumam ter títulos vistosos em maiúsculas com pontos de exclamação. Se as afirmações chocantes de um título te soarem inacreditáveis, é provável que o sejam: – Presta atenção ao URL. Um URL estranho ou parecido a um oficial poderá ser o sinal de uma notícia falsa. Muitas notícias falsas tentam imitar fontes autênticas de notícias ao efetuar pequenas alterações no URL. Podes aceder ao site para comparares o URL com fontes reconhecidas; – Investiga a fonte. Certifica-te de que a notícia foi escrita por uma fonte na qual confias e que sabes ser fiável. Se a notícia vier de uma organização desconhecida, consulta a secção “Sobre” do seu site; – Procura formatações incomuns. Muitas notícias falsas em sites têm erros ortográficos ou aspetos esquisitos. Lê atentamente se encontrares algum destes sinais; – Considera as fotografias. As notícias falsas costumam conter imagens ou vídeos manipulados. Por vezes, a foto poderá ser autêntica, mas estar fora de contexto. Podes pesquisar pela imagem ou foto para confirmar a sua origem; – Examina as datas. As notícias falsas podem conter cronologias que não fazem sentido ou que foram mesmo alteradas; – Confirma os factos. Consulta as fontes do autor para confirmares se são fiáveis. A falta de factos ou créditos dados a peritos sem identificação podem ser indício de uma notícia falsa; – Vê outras notícias. Se nenhuma outra fonte de notícias estiver a noticiar o mesmo, poderá indicar que a notícia é falsa. Se, pelo contrário, é noticiada por múltiplas fontes nas quais confias, é possível que seja verdadeira; – A notícia é uma piada? Por vezes, as notícias falsas podem ser difíceis de distinguir do humor ou sátira. Confirma a fonte para saberes se são conhecidos por criar sátiras e presta atenção aos detalhes e ao tom da notícia para compreenderes se será apenas uma piada; – Algumas notícias são intencionalmente falsas. Pensa criticamente sobre as notícias que lês e partilha apenas notícias que acreditas serem credíveis”.

Terminamos relembrando que notícias falsas, enganadoras ou duvidosas e teorias da conspiração podem ser prejudiciais de inúmeras maneiras, tendo como objetivo principal desinformar o público que vota, sem esquecer os relatos pseudocientíficos, sem pesquisa, fundamentação ou revisão dos pares, que podem ter implicações graves na saúde pública, assim como as lendas urbanas, que são frequentemente aproveitadas como notícias verdadeiras, que só um público maduro e informado pode combater, onde os órgãos de comunicação local assumem um importante papel, por continuarem fieis à informação fidedigna e fundamentada, e onde o contraditório é imprescindível.


Share This Post On
468x60.jpg