Opinião (Rogério Copeto/ Oficial GNR): A SINALIZAR IDOSOS SOZINHOS E ISOLADOS DESDE 2011.


A GNR realizou pela oitava vez a Operação Censos Sénior, durante todo o mês de outubro do ano passado, tendo este mês de janeiro anunciado os seus resultados, verificando-se que foram sinalizados 45.563 idosos a viver sozinhos ou isolados em todo o país, mais 47 do que na operação realizada em 2017.

Rogério Copeto

Tenente-Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Chefe da Divisão de Ensino/ Comando de Doutrina e Formação

A Operação Censos Sénior tem como missão, combater a solidão e o isolamento nos idosos e prevenir situações de perigo, por motivo da sua maior vulnerabilidade, tendo a Rádio Renascença na sua peça com o título “’Censos Sénior’. Há mais de 45 mil idosos a viver sozinhos ou isolados”, datada de 09 de janeiro, dado eco aos seus resultados, onde fonte da GNR acrescentou que “durante a operação, os militares privilegiaram o contacto pessoal e a realização de ações em sala, no sentido de sensibilizarem este público-alvo para que não adotem comportamentos de risco, evitando que se tornem vítimas de crimes, como furtos, roubos ou burlas”.

O trabalho que a GNR desenvolve durante a Operação Censos Sénior, nasceu da necessidade de combater o isolamento e a solidão da população idosa, procedendo a GNR desde 2011 à sinalização de idosos isolados e sozinhos, encaminhando as situações de maior perigo, para as instituições de apoio aos idosos, tendo nesse ano sinalizado 15.596 idosos em todo o território nacional à responsabilidade da GNR, verificando-se que o número triplicou em oito anos.

A GNR para além de sinalizar os idosos, realiza ações de sensibilização e informação sobre os procedimentos de segurança a observar em situações de maus-tratos, assalto ou burla, bem como a forma como poderão denunciar os crimes de que são vítimas, disponibilizando para o efeito os números de telemóvel dos militares da GNR, criando-se assim laços de confiança entre a GNR, os idosos e seus familiares.

Mas, o que esteve realmente na origem da Operação Censos Sénior foi o facto de em fevereiro de 2011 ter sido encontrada sem vida, uma idosa residente em Rinchoa, concelho de Sintra, na sua própria residência, e que alegadamente estaria morta há 9 anos, sem que ninguém tivesse feito nada, durante esse tempo todo, pelo que como consequência dessa mesma ocorrência, a GNR levou para o terreno a primeira edição da Operação Censos Sénior nesse mesmo ano, para que idosos isolados ou sozinhos não fossem encontrados mortos, sem que ninguém lhes prestasse socorro, porque nenhum ser humano deve morrer sem assistência, muito menos um idoso.

Assim, o principal objectivo da Operação Censos Sénior é registar todos os idosos que residam sozinhos e isolados, mantendo com os mesmos contactos frequentes e referenciar junto das instituições de apoio à terceira idade, aqueles que se encontrem em situações de maior vulnerabilidade.

Para isso a GNR vale-se da sua implantação em todo o território nacional, desde as zonas urbanas até às zonas mais recônditas do nosso país, com recursos humanos formados e motivados, tendo a GNR registado um crescente número de idosos, desde 2011, muito por culpa do aumento constante da população idosa no nosso país, constituindo-se já um dos mais envelhecidos do mundo.

A todos os idosos registados é efetuada uma avaliação do risco, sendo que nas situações em que o idoso revela especial situação de vulnerabilidade, o mesmo é sinalizado às instituições respetivas, tendo sido já as centenas de idosos sinalizados e alguns foram literalmente salvos de uma tragédia iminente.

É também recolhida um conjunto de informação nomeadamente a idade, sexo, estado civil, coordenadas GPS da sua residência, se tem telefone, se tem família, o estado de saúde e nível de autonomia, se recebe apoio, qual a regularidade desse apoio e apoio recebido.

A informação recolhida é confidencial, sendo usada só para os fins a que se destina, que é garantir melhor segurança aos idosos sozinhos ou isolados, para que se sintam protegidos, reforçando dessa forma a sua própria segurança, tornando-se a GNR, por esse facto, na instituição com mais informação sobre a temática do isolamento e solidão dos idosos.

Na posse desta informação, a GNR torna-se na instituição com mais informação sobre a temática do isolamento e solidão dos idosos, sendo por isso com frequência solicitada a dar conta do trabalho que realiza com os idosos no âmbito da Operação Censos Sénior, em diversos fóruns, onde a temática é a proteção de idosos.

Apesar da GNR desenvolver esta atividade, no âmbito desta problemática, esta constitui-se como entidade de primeira linha, articulando-se com as instituições de resposta, não se substituindo a estas, conseguindo por isso uma enorme visibilidade e consequente reconhecimento, junto das entidades que trabalham com idosos, tendo por isso a Operação Censos Sénior sido reconhecida como uma Boa Prática Nacional no estudo encomendado pelo Conselho Económico e Social (CES) denominado “O Envelhecimento da População: Dependência, Ativação e Qualidade” e da autoria do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, da Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Católica Portuguesa.

A Operação Censos Sénior também suscitou grande interesse, ao nível governamental, onde se incluem os Ministérios da Solidariedade e Segurança Social e da Administração Interna, que levou a que ambos os ministérios assinassem um protocolo em 1 de fevereiro de 2013 com o objetivo de prevenção do risco, inerente ao isolamento e solidão, aumento da qualidade de vida dos idosos e do sentimento de segurança dos mesmos”.

Também o Ministério da Saúde mostrou interesse no trabalho desenvolvido pela GNR no âmbito da 1ª edição da Operação Censos Sénior, tendo por isso o Instituto Nacional de Saúde – Dr. Ricardo Jorge protocolado com a GNR, a parceira no estudo “Envelhecimento e Violência” e apresentado publicamente na Fundação Calouste Gulbenkian no dia 25 de fevereiro de 2014.

Os órgãos de comunicação social locais e nacionais também ao longo destes oito anos realizaram várias reportagens e sem ter intenção de deixar de fora nenhum artigo, temos de destacar o que foi elaborado pela jornalista do Público, Maria João Lopes, com o título “Os ‘bons companheiros’ da GNR que combatem a solidão dos idosos”, datado de 16 de março de 2014 ou mais recentemente o artigo com o título “Aurora espera a GNR à porta. Há 45 mil idosos a viver sozinhos em Portugal”, datado de 8 de janeiro de 2019, da autoria do jornalista do Diário de Notícias, Carlos Ferro.

Conclui-se assim que a GNR realiza um papel preponderante na proteção dos idosos mais vulneráveis, constituindo-se a Operação Censos Sénior como prova bastante de que a GNR cumpre a missão a que está obrigada, indo muito para além do que lhe é exigido, e que só o grande humanismo de todos os militares envolvidos faz com que esta operação seja um sucesso ano após ano, sendo também a confirmação de que a GNR se constitui na face do Estado, que mais próxima e visível está da população mais idosa.


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