O processo de tráfico de pessoas escravizadas para trabalhar na agricultura que corre termos no Tribunal de Cuba, um dos dois da “Operação Espelho” levada a cabo no passado dia 21 de novembro pela Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), tem 33 arguidos, 24 pessoas e 9 empresas.
Segundo apurou o Lidador Notícias (LN), entre as duas dúzias de pessoas arguidas, há 5 portugueses, três homens e duas mulheres, as duas contabilistas uma de Cuba e outra de Ferreira do Alentejo, sendo os restantes suspeitos de diversas nacionalidades, nomeadamente da Roménia, Moldávia, Ucrânia, Índia Senegal e Paquistão, que aliciavam nestes países os cidadãos imigrantes explorados.
Quanto às nove empresas arguidas, quatro estão sediadas na vila de Cuba, quatro na freguesia de Faro do Alentejo, situada no município cubense e uma em Ferreira do Alentejo e têm como sócios gerentes cidadãos portugueses e estrangeiros.
A ação “Operação Espelho” decorreu naqueles dois concelhos do distrito de Beja e levou à detenção de 20 pessoas e após o primeiro interrogatório perante um Juiz de Instrução Criminal (JIC) do Tribunal de Beja, em virtude do de Cuba não ter condições para albergar tantos detidos, cinco homens e duas mulheres, seis romenos e um português, ficaram sujeitos a prisão preventiva.
Quanto aos restantes, doze arguidos, entre as quais as duas contabilistas, ficaram sujeitos a apresentações periódicas três vezes por semana, proibição de sair do país e entrega do passaporte e proibição de contactos com os demais arguidos, vítimas e trabalhadores dos arguidos arrolados nos autos. O vigésimo foi libertado.
O grupo está indiciado da prática de 21 crimes, nomeadamente de tráfico de pessoas, associação criminosa, associação de auxílio á imigração ilegal, angariação de mão-de-obra ilegal, detenção de arma proibida e falsificação de documento.
Para os inspetores da UNCT da PJ, os suspeitos fazem parte de uma estrutura criminosa dedicada à exploração de imigrantes, com falsas promessas de avultados ordenados, mas depois de “pagaram as despesas” de renda de casa, água, luz, alimentação e transporte, ganhavam entre 100 e 250 euros.
As verbas retidas aos explorados, recheavam as contas do exploradores, que foram congeladas, e eram aplicadas na aquisição de viaturas topo de gama, apreendidos pelos inspetores da PJ, nomeadamente da marca Porsche, Jaguar, Mercedes, BMW e até uma carrinha Ford Raptor avaliada em 75 mil euros.
Deste processo, cinco homens e duas mulheres, seis romenos e um português, ficaram sujeitos à medida mais gravosa, estando os homens presos no Estabelecimento Prisional (EP) de Beja e as mulheres no EP de Odemira.
Relativamente ao outro processo da “Operação Espelho”, instruído no Tribunal de Évora, há seis arguidos que ficaram em prisão preventiva, estando presos no Estabelecimento Prisional de Évora, e dois em liberdade mediante TIR, sendo todos de nacionalidade estrangeira e indiciados dos mesmos crimes dos arguidos de Cuba.
Teixeira Correia
(jornalista)