Tráfico humano: Diretor da agência New Generation detido em Timor-Leste.


As autoridades timorenses detiveram o diretor de uma agência de viagens New Generation em Díli, alegadamente relacionado com o caso de migrantes de Timor-Leste abandonados em Portugal.

Vários dos timorenses que vieram para os concelhos de Beja e Serpa, muitos deles foram abandonados e acabaram por ser acolhidos por instituições, mencionaram, tal como o Lidador Notícias revelou no passado dia 3 de outubro, que pagaram à New Generation para virem para Portugal.

A detenção ocorre no âmbito de uma operação mais ampla de investigação a empresas ou indivíduos que estejam ligados ao que as autoridades consideram ser redes de tráfico humano que estão envolvidas no envio de trabalhadores timorenses para Portugal. “Poderá haver mais detenções, já que as investigações estão a decorrer. O processo ainda está em curso”, justificou fonte policial.

Mariana Costa Belo, 38 anos, Dili (Vive numa casa em Serpa, num grupo de 23 pessoas):  “Já estou em Serpa há dois meses, cheguei em Julho e a minha irmã veio comigo. Paguei 2.000 dólares a uma agência de nome New Generation, com a promessa de trabalho e de habitação, mas depois de chegar as coisas foram muito diferentes, não tenho trabalho nem dinheiro”.

Bendita Costa Belo, 37 anos, Dili (Vive numa casa em Serpa, num grupo de 23 pessoas. Já foram ameaçados de despejo): “Vim com a minha irmã e tal como ela paguei à New Generation 2.000 dólares e as promessas foram iguais e depois tudo foi diferente”

Isac de Jesus, 25 anos, Dili (Vivia em Pias, Serpa, alojado no Pavilhão Multiusos de Serpa): “Pessoas da agência New Generation falou comigo e disse-me que se tivesse dinheiro levavam para Portugal para trabalhar. Paguei 4.000 dólares pelo bilhete de avião, casa e contrato de trabalho, tendo chegado a Portugal no dia 7 de julho. Depois de chegar a Lisboa estavam pessoas à espera e pediram mais 500 euros para pagar a renda da casa”.

Faustino Barreto, 30 anos, Dili (Vivia em Pias, Serpa, alojado no Pavilhão Multiusos de Serpa):   “A minha situação foi como a do Isac e do grupo de 21 que viemos nesse dia. Tenho um filho com 7 anos e vim para Portugal com o objetivo de lhe dar um futuro melhor, mas afinal fomos enganados. Paguei à New Generation 4.000 dólares, a minha família fez um grande esforço para conseguir o dinheiro, depois fui abandonado e nunca trabalhei um único dia”.

Aleixo Gonçalves, 35 anos, Dili (Vivia em Cabeça Gorda, Beja. Alojado e come na Cáritas Diocesana de Beja): “Um conhecido de uma agência de viagens (New Generation) disse que me podia trazer para Portugal para trabalhar se tivesse dinheiro. Pedi dinheiro emprestado a amigos e paguei 2 mil e tal dólares (percebeu-se o medo de dizer o valor real). Cheguei a Lisboa no dia 9 de julho e estava uma pessoa à espera e levou-me para Cabeça Gorda, depois pediram-me mais 100 dólares para poder ter o contrato de trabalho, mas nunca cheguei a trabalhar”.

Além dos cidadãos terem sido abandonadas em Portugal, muitas das famílias acabam igualmente por ficar com pesadas dívidas às costas, com empréstimos ilegais concedidos a juros elevadíssimos.

Teixeira Correia

(jornalista)


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