Opinião (Bruno Alves/ Comissário PSP): Como evitar um carteirista. 7 Medidas Pessoais de Segurança
O Relatório Anual de Segurança Interna referente ao ano de 2017 aponta o crime de furto como o crime mais participado, sendo uma das suas principais formas de manifestação o furto por carteirista.
Comissário da PSP
Licenciado em Ciências Policiais e Segurança Interna e em Direito e Pós-Graduado em Direito da Investigação Criminal e da Prova
Podemos afirmar que o furto por carteirista ocorre baseado numa falsa aparência de segurança aproveitada pelo agente do crime – o carteirista – para a subtração de determinado bem que se encontra na posse da vítima, nomeadamente no interior de um bolso ou de uma mala. O carteirista é paciente, astuto e estratega, na medida em que planeia e estuda todas as fases da sua atuação e domina métodos eficazes de subtração sem que a vítima se aperceba ou considere a situação anómala, sendo que para isso analisa as circunstâncias em seu redor e espera pela melhor oportunidade para efetuar o furto.
O furto por carteirista ocorre normalmente em locais de grande aglomerado de pessoas através do aproveitamento de ambientes naturais de distração da vítima (turismo, passeios e férias) e da criação de manobras de diversão (encosto, empurrão e pedido de informação), socorrendo-se o carteirista de um objeto que facilita e oculta o ato do furto (jornal, pasta, casaco e mapa) e/ou da ajuda de outros carteiristas que distraem a vítima, vigiam a atividade policial e prestam auxílio na ocultação dos objetos furtados.
Neste cenário, o criminoso é normalmente confundido com um cidadão comum, perfeitamente inserido em determinado ambiente, é educado e tentará ser tudo aquilo que levantar menos suspeitas, disfarçando-se se necessário for.
Pelas razões expostas, a prevenção criminal para este tipo e forma de crime terá que passar necessariamente pela sensibilização dos cidadãos para este fenómeno, nomeadamente quanto às medidas pessoais de segurança a adotar, sem prejuízo da atividade preventiva e repressiva levada a cabo pelas forças de segurança.
A nossa capacidade de autoproteção depende em muito do nosso nível de atenção ao contexto e das medidas preventivas adotadas. Assim:
- Traga consigo apenas os bens e valores que sejam efetivamente necessários e nunca os deixe à vista a não ser para o seu uso normal.
- Em situações de grande aglomerado de pessoas (transportes públicos, centros comerciais e zonas turísticas), deverá tomar especial atenção aos locais onde transporta os seus bens e valores, não permitindo, dentro do possível, que haja contacto externo com os mesmos.
- Utilize preferencialmente os bolsos interiores da roupa para guardar os seus bens e valores ou, não sendo possível, os bolsos frontais que possuam fecho.
- Evite guardar o título de transporte público na carteira ou, não sendo possível, procure não abrir a carteira nas paragens ou em locais de grande aglomerado de pessoas.
- Transporte as malas, sacos e mochilas sempre fechados e à sua frente ou, não sendo possível, proteja os respetivos fechos com cadeados, devendo ainda os bens de maior valor ser transportados em bolsa interior fechada.
- Quando sentada, numa esplanada, restaurante ou em transporte público, nunca coloque os seus bens valiosos (telemóvel e carteira) em cima da mesa ou cadeira, devendo a mala ser colocada junto a si ou entre os seus pés e presa através das respetivas alças.
- Quando efetuar levantamentos no Multibanco, não permita que outras pessoas estejam perto de si de forma a que consigam visualizar o código do seu cartão.
Se adotar estes comportamentos preventivos, os carteiristas irão perceber de que se trata de uma pessoa avisada e precavida e desistirão das suas intenções ilícitas, todavia, se desconfiar que está a ser seguida por um carteirista, não hesite em contactar a Polícia ou, não sendo possível, desloque-se para um qualquer estabelecimento e peça ajuda, sendo que pode sempre telefonar 112.
No caso de vir efetivamente a ser uma vítima de crime, denuncie junto de qualquer força policial, pois só com essa informação é possível planear adequadamente a prevenção e repressão criminal no âmbito da atividade policial.
Portugal é o terceiro da tabela dos países mais pacíficos do mundo no relatório anual do Índice Global da Paz de 2017, mas a Polícia de Segurança Pública tudo fará para chegarmos ao 1.º lugar! Como exemplo, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP efetuou 534 detenções por furto por carteirista no triénio de 2015 a 2017 bem como é membro ativo em diversos grupos internacionais de partilha de informações e conhecimento referente a este fenómeno criminal.