Opinião de Rogério Copeto: O POLICIAMENTO DE PROXIMIDADE


A sociedade tem ao longo dos últimos anos sofrido profundas transformações, reflexo da cada vez maior velocidade de inovação tecnológica, que condiciona o nosso dia-a-dia a uma incessante procura de eficiência em todas as atividades que desenvolvemos. O permanente desafio é fazer mais e melhor.

Roger Copeto_800x800Rogério Copeto

Tenente-Coronel da GNR, Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Chefe da Divisão de Ensino/ Comando da Doutrina e Formação

As mudanças sentidas ao nível do enquadramento social e da própria criminalidade tem vindo a tornar o cidadão mais exigente para com quem lhe presta serviços, em especial para com as Forças de Segurança, último garante dos direitos liberdades e garantias dos cidadãos. Os recentes padrões de policiamento, orientados em função dos problemas e expectativas do cidadão, exigem da Guarda Nacional Republicana capacidade para dar respostas válidas a novos desafios. Chamar o cidadão a ter um papel ativo na segurança, integrando-o no conceito de Policiamento de Proximidade, torna-o mais participativo mas também mais exigente.

A chave parece então estar na capacidade para motivar o cidadão a participar na segurança de todos, incentivando-o à participação pelo exemplo diário de empenho e profissionalismo de cada militar, numa clara demonstração de que vale pena acreditar, confiar e apoiar o trabalho das Forças e Serviços de Segurança.

Os “inputs” da comunidade local, dos quais são exemplo, a necessidade de esclarecimento/informação e apoio aos idosos, esclarecimento/informação aos comerciantes, a sinalização e encaminhamento de pessoas sem-abrigo, acompanhamento de situações de violência doméstica, intervenção em situações que envolvem toxicodependentes e doentes mentais e a participação na proteção de crianças e jovens em perigo são algumas das áreas em que a sociedade se está a tornar mais interventiva, exigindo respostas de qualidade a um leque de entidades com responsabilidade nesta área, onde estão naturalmente envolvidas as forças de segurança.

A especialização na GNR tem decorrido não só da necessidade de prestar um serviço de qualidade, mas também associada a um conjunto de medidas governamentais, que têm criado nos últimos anos diversos “Programas Especiais de Policiamento de Proximidade” de apoio a populações particularmente vulneráveis.

A aposta na prestação de um serviço de qualidade, avaliado necessariamente em função do sentimento de segurança da população local, passa por uma aposta clara na ligação aos problemas das pessoas. Esta ligação exige disponibilidade para desenvolver ao nível das bases da GNR, um trabalho permanente de diagnóstico local, através do contacto direto com as forças vivas locais, orientando a atividade desenvolvida pela Guarda para os problemas, as necessidades e as expectativas dos cidadãos.

O modelo de Policiamento de Proximidade assenta numa filosofia e estratégia organizacional que permita à GNR trabalhar em conjunto com a comunidade, no intuito de através deste mútuo apoio se dar uma satisfação à resolução dos problemas da sociedade, essencialmente através das chamadas parcerias, integradas nos diversos programas que constituem a Segurança Solidária, tendo como objetivo a resolução de problemas sentidos pela população.

A prevalência da dimensão preventiva na ação policial constitui um fator altamente dissuasivo dos comportamentos desviantes, investindo a GNR na concretização de partenariados e de mediações com outros atores sociais, visando a redução dos níveis subjetivos e objetivos de insegurança local, bem como a eliminação dos focos geradores de atos ilícitos.

A aliança existente entre as autarquias, os serviços de acção-social, a comunidade em geral e a GNR é reconhecida como um mecanismo para combater as causas geradoras de comportamentos desviantes de natureza criminal, constituindo um exemplo do trabalho em equipa, o que vem permitir a obtenção de elevados ganhos de eficiência para todos os interventores, principalmente para aqueles que são flagelados por sentimentos de insegurança.

Assim a GNR no âmbito do Policiamento de Proximidade dedica em exclusivo meios materiais e humanos, na concretização dos diversos Programas Especiais, desenvolvendo ainda boas práticas, como são exemplo o Projeto de Investigação e Apoio a Vitimas Especificas”, a “Operação Azeitona Segura”, o “Projeto Residência Segura”, o “Projeto Gerações de Mãos Dadas”, o “Projeto Guardinhas Cantores” e a “Operação Censos Sénior”, candidatando-as a prémios nacionais e internacionais, onde tem conseguido excelentes resultados, garantindo dessa forma o reconhecimento nacional e internacional das atividades desenvolvidas pela GNR, maioritariamente em prol da população mais vulnerável: as crianças, os idosos e as vítimas de crime.


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