Judo: Manuel Costa e Oliveira, presidente da federação em exercício, faz balanço do mandato.
O judo português conhece este sábado um novo líder. O presidente ainda em exercício, Manuel Costa e Oliveira, chegou a anunciar a recandidatura, antes dos Jogos Olímpicos Rio2016 e da modalidade voltar a conquistar uma medalha, por Telma Monteiro, mas, decidiu não avançar.
Em março de 2013, Manuel Costa Oliveira, que era secretário-geral, foi eleito presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ) para o quadriénio 2013/2016, tendo na altura destacado três dos pontos do seu programa eleitoral: “universalizar o judo”, “conseguir resultados desportivos, com melhores condições”, e “fazer crescer a modalidade”, levando-a para o interior e para as ilhas.
Volvidos quatro anos, Manuel Costa Oliveira, faz o balanço do seu mandato na Federação Portuguesa de Judo.
– Que balanço faz do Ciclo Olímpico e Paralímpico – Rio 2016?
O ciclo Olímpico e Paralímpico correram muito bem na Federação Portuguesa de Judo, aquilo que nós chamamos de ciclo Rio 2016. Durante um ciclo Olímpico nunca tínhamos tido tantas medalhas, que claro, são um dado importante. É o resultado do trabalho realizado, a nível de Cadetes, Juniores e Seniores, culminando na Medalha de Bronze da Telma Monteiro nos Jogos Olímpicos e das classificações da Joana Ramos, do Sergiu Oleinic e do Jorge Fonseca.
Penso que correu bem, com destaque para Cadetes e Juniores. Nos Cadetes, alcançámos recentemente uma Medalha Europeia, pela Patrícia Sampaio, para somar às que tínhamos conquistado pela Joana Cesário (Prata e Bronze) em 2003 e pelo Nuno Saraiva (Bronze) em 2010. Nos Juniores, conseguíamos medalhas, em média, de 10 em 10 anos e neste ciclo subimos ao pódio todos os anos. Falo de Medalhas Mundiais e Europeias de Atletas de grande qualidade como o Nuno Saraiva, Mariana Esteves e outros que tiveram num grande nível.
Também nunca tínhamos tido tantos Judocas no Projeto Olímpico e a participar nos Jogos como tivemos agora com a Joana Ramos, a Telma Monteiro, o Sergiu Oleinic, o Nuno Saraiva, o Célio Dias e o Jorge Fonseca, mas foi pena não termos tido mais, uma vez tivemos vários atletas que ficaram “à porta” da qualificação. Estou a lembrar-me da Ana Cachola, do Carlos Luz, do Nuno Carvalho, do Diogo Lima, o André Alves e a Yahima Ramirez, que ficaram muito perto de irem ao Rio de Janeiro. Ainda assim, os 6 que mencionei e foram aos Jogos, tiveram uma prestação fantástica e permite-me dizer que o balanço é altamente positivo.
Em relação ao Judo Paralímpico o que alcançámos também foi excelente. Nunca Portugal tinha tido um judoca nos Jogos desta vertente e teve agora o Miguel Vieira, que começou por ser esperança paralímpica e chegou aos Jogos Paralímpicos. O Miguel conseguiu um 9º lugar, tínhamos as expectativas ligeiramente mais elevadas, mas penso que ainda assim foi bom, porque sobretudo foi o abrir de uma porta, ao ponto de, agora, já termos mais atletas como o Djibrilo Iafá que são esperanças paralímpicas. Tendo em conta o trabalho que temos desenvolvido nesta área, não será exagero acreditar que, depois de este ano termos tido o primeiro Judoca Paralímpico, podemos ter 3 atletas em Tóquio, o que é um crescimento notável.
Se considerarmos o Judo Adaptado e o Surdolímpico também verificamos um crescimento. Já tínhamos a Joana Santos do Algarve a obter grandes resultados, voltou recentemente a medalhar no Campeonato do Mundo e agora surge João Machado, uma nova esperança Surdolímpica. Na vertente adaptada, para atletas com deficiências intelectuais, também demos passos importantes ao participar em Campeonatos da Europa e a conquistar medalhas.
É evidente que a Federação Portuguesa de Judo cresceu bastante nestas áreas, o que me deixa particularmente satisfeito por tudo o que foi feito.
– O que ficou por fazer neste ciclo?
Eu diria que houve algumas coisas que ficaram por fazer. As dificuldades financeiras não permitiram fazer tanta coisa como gostaríamos e tínhamos planeado.
Na área da formação, avançámos com o programa “Judo at School” onde vamos formar 200 jovens de 10 escolas, mais de 200 professores de educação física na área do judo e iniciar um projeto de formação com a Federação Internacional de Judo no início de janeiro. Apesar do muito que se fez nesta área penso que há muito para se fazer ainda.
Eventualmente poderíamos ter feito mais no desenvolvimento da modalidade no interior do país e em cidades como Bragança, Vila Real, Guarda, Viseu, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja. Há muito para se fazer nesta área que denomino de interior. Infelizmente não houve recursos financeiros para avançar com atividades que promovessem esse crescimento, o que naturalmente nos deixou aquém das expectativas.
Estão preparadas estratégias de longo e outras de curto/médio prazo.
Precisamos que o Judo seja mais reconhecido, encha pavilhões, tenha grande aceitação do público e atraia patrocinadores. É um caminho que temos que fazer com recursos humanos, técnicos e financeiros.
Gostava de ter avançado mais neste caminho, mas estou satisfeito com tudo o que alcançámos.