Agricultura: ANEB contra posição da ministra sobre Direção Geral Agricultura e Veterinária.


A Associação Nacional de Engordadores de Bovinos (ANEB) está contra a posição da Ministra da Agricultura de deixar de tutelar os animais de companhia e passaram para o Ambiente. A ANEB considera que se vai desmembrar a DGAV.

A Associação Nacional de Engordadores de Bovinos (ANEB), manifesta a sua estupefação pelos desenvolvimentos que ocorreram no parlamento, com a Ministra da Agricultura a dar conhecimento que os animais de companhia deixariam de estar sob tutela do seu ministério para passarem para o Ministério do Ambiente em estrutura a criar.

Esta posição surge como corolário de um processo que teve origem no incêndio que atingiu o canil de Santo Tirso, que vitimou 73 animais de companhia, e depois de uma acérrima campanha, oportunista e perniciosa, que o PAN encabeçou e que começou, desde logo, a pôr em causa a competência da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e a dos seus profissionais, bem como a sua tutela, o Ministério da Agricultura.

Considera a ANEB que a posição da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes (na foto), deveria ser a de defender a estrutura orgânica existente e, objetivamente, o seu organismo mais visado – a DGAV – lutando para que à mesma fossem disponibilizados meios humanos e materiais que lhe permitisse responder melhor às enormes necessidades do país nestas áreas.

A própria ministra reconheceu, na sua intervenção de hoje na Comissão de Agricultura e Mar, que o corpo de veterinários da DGAV era insuficiente e que deveria ser reforçado. Sendo do conhecimento geral o esforço e dedicação destes profissionais, apesar da evidente escassez de meios.

A questão é que esta alteração orgânica que agora se perspetiva, a qual vai, necessariamente, enfraquecer o Ministério da Agricultura e desmembrar a DGAV, não faz tecnicamente qualquer sentido e contraria todo o histórico de trabalho e afetação de competências que o nosso país, como muitos outros, têm definido para estas áreas.

A ANEB associa-se e acompanha a posição assumida pela Ordem dos Médicos Veterinários, que considera esta opção “um erro crasso”, defendendo ainda o seu Bastonário, Jorge Cid, que as competências sobre os animais “tem de estar dentro de uma estrutura médico-veterinária”, como é o caso da DGAV.

Será que se pretende que o bem-estar animal, que é uma questão de saúde pública, seja tutelado por outros profissionais que não os médicos veterinários? Quais?

Não pode ser um caso isolado, e o trágico acidente que todos lamentamos, a pôr em causa a estrutura do Estado, nem será a criação de um novo organismo a resolver, como que por magia, os problemas que o nosso país tem nestas matérias. Também os Engenheiros Agrónomos e Zootécnicos consideram que a criação de uma nova estrutura não resolve as questões em apreço.

Tal, defende a ANEB, só será conseguido com a dotação de meios às entidades competentes e com um Ministério da Agricultura forte e não sujeito a pressões e a modas políticas.

Considera a ANEB que esta posição incompreensível do Ministério da Agricultura é tecnicamente indefensável e resultará numa cedência à agenda animalista e radical do PAN que, de forma demagógica, aproveitou o trágico acidente de Santo Tirso para enfraquecer o Ministério da Agricultura e os seus organismos e mais facilmente atentar
contra o mundo rural e contra o setor agropecuário.

O PAN, que após o acidente de Santo Tirso, acusou a DGAV de ter uma visão “produtivista e de defesa dos interesses dos agentes económicos” e defendeu a criação de um novo organismo que deveria regular, para além, de todas as matérias relativas à saúde e bem-estar animal, “as condições de produção, transporte e abate de animais de pecuária”, revelou, desde logo, o seu real objetivo com esta pretensão.

Já depois da posição assumida pela Ministra da Agricultura, que foi criticada pela generalidade dos partidos, o PAN veio lamentar o facto desta decisão “ser apenas destinada aos animais de companhia e não a todos os animais, nomeadamente, os de pecuária”, não escondendo a agenda radical e o combate que há muito estabeleceu contra o setor agropecuário e o mundo rural.

O setor agropecuário garante a não desertificação do interior e a valorização do território nacional em toda a sua extensão, exigindo igualmente o desenvolvimento de todas as atividades económicas e a manutenção dos serviços necessários às populações aí residentes, contribuindo para atenuar as assimetrias.

Não pode uma atividade estratégica, que envolve tantos milhares de portugueses e que se afirma fundamental para o nosso país, ser colocada em causa pelo oportunismo de quem vê num lamentável acidente uma oportunidade para pôr em causa instituições e o interesse nacional, para daí retirar dividendos políticos.


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