Beja: Amaro de Matos, o empresário que faz barcos numa terra sem rio e sem mar.
Ao contrário do que se possa pensar, Beja não é uma cidade só marcada pela agricultura, tem tradições na metalomecânica. Nos anos do Estado Novo, a região sempre foi apontada como o “Celeiro da Nação”, depois com Alqueva, deu-se a “explosão” do regadio e a exploração intensiva do olival.
Profissão: Empresário da metalomecânica
Naturalidade: Abela (Santiago do Cacém) e Residência: Beja
Desde meados do século passado até 2011, a industria deve dois grandes expoentes a Metalúrgica Alentejana, ligada a estaleiros da Fundação Karl Roeder, em Aveiro e a Manuel Pires Guerreiro (MPG), instalações onde em 2013 viria a nascer a Mecren-Steel Works, empresa de que Amaro de Matos é um dos sócios.
Antigo árbitro de futebol, Amaro de Matos é um homem ligado ao setor metalúrgico e naval desde 1972, tendo trabalhado na Lisnave durante 13 anos. Já em Beja foi administrador da Metalomecânica Projetos Industriais (MPI) que em finais de 2011 substitui a MPG.
Além de sócio, é o diretor financeiro da empresa naval alentejana, que em Beja constrói rebocadores, lanchas, barcaças e catamarãs, inteiros ou em módulos, que depois por via rodoviária são deslocados para estaleiros navais no Seixal.
A Mecren tem 27 trabalhadores, de vários pontos de Portugal e também de várias nacionalidades. “A falta de mão-de-obra qualificada é uma das barreiras que enfrentamos, além da inexistência de excelentes ligações rodoviárias”, e com refrão popular Amaro de Matos traduz a perseverança em vencer: “em terra seca, remamos contra a maré”, remata.
A empresa já fabricou e enviou vários veículos marítimos para vários países africanos, nomeadamente para Angola e São Tomé e Príncipe. “Em 2018 contamos faturar 3 milhões de euros
e temos uma candidatura de 1,6 milhões de euros a fundos comunitários para melhorar instalações e equipamentos”, revela.
“Se estamos satisfeitos em Beja ?. Claro, acima de tudo sou alentejano e conhecia a cidade. O investimento superior a um milhão de euros foi uma boa opção, mas precisos de alguns incentivos locais”, sustenta.
Sobre um dos últimos catamarãs que a empresa construiu, pesava 26 toneladas e transporta 28 pessoas, estando em carteira uma unidade para o grupo Barraqueiro. “Tal como os barros (gabros) de Beja, os barcos vão ficar célebres”, remata Amaro de Matos.
Teixeira Correia
(jornalista)