“Obrigado por me terem facilitado a vida. Deixei de cozinhar”. Dois anos depois da abertura, celebrados no passado domingo, é o comentário que os fundadores da empresa consideram que melhor define o conceito ligado à criação do “Aqui não comes”.
Numa aprazível noite de outubro de 2019, numa amena cavaqueira de café entre dois amigos de longa data, Luís Mestre e Francisco George, sobre a necessidade de terem sempre comida pronta para as refeições dos três filhos, que cada um tem, a que se juntou João Carlos Soares e levou à criação de um negócio, que dois anos depois se revela como um sucesso. Baseados nos seus dotes culinários e aproveitando as receitas das mães, fazem e vendem comida tradicional caseira ultracongelada, tendo como base a ideia de “facilitar a vida as famílias modernas”.
“A ideia base foi abrir sem pedir um tostão a ninguém. Contámos os trocos e o que cada um tinha para investir. A confiança foi tanta que no outro dia seguinte começámos a ver máquinas de frio”, revela Luís Mestre.
Como diz o ditado: “a sorte acompanha os audazes”, atira Francisco George, que já tinha experiência em hotelaria, justificando que “alugámos uma antiga churrasqueira que tinha a cozinha ideal para o nosso projeto. Depois comprámos duas “escolateiras” (arcas frigorificas muito usadas) e o sonho estava pronto a começar”, refere.
“Cada um começou a fazer em casa os seus pratos tradicionais e depois congelávamos nas “escolateiras”, depois degustámos e assim fomos construindo a ementa. A base foram as receitas e as comidas caseiras feitas pelas nossas mães”, conta feliz João Carlos Soares. “No dia da abertura fizeram questão de vir provar os pratos e dar a opinião”, recorda.
Os três amigos/ empresários tem os seus empregos e depois de saírem, vão para o que chamam de “supermercado de comida” e cada um cozinha os seus pratos, contando com a colaboração de um funcionário, filho de um dos sócios, que trata da congelação e das vendas na loja. “Não há misturas nas confeções, essa é uma das razões do sucesso”, diz Luís Mestre.
Depois de confecionada a comida é separada em covetes, depois deixa-se apurar são fechadas e colocadas num abatedor de temperatura e sujeitas a um período de ultracongelação de quatro horas. Passam depois para as arcas de congelação onde ficam armazenadas, tendo uma validade de uso de seis meses. O processo de descongelação no micro-ondas é de cinco minutos.
Da ementa constam 29 pratos de carne, 13 de peixe, 7 vegan, 6 acompanhamentos, 5 sobremesas e cinco sopas. O custo de cada prato varia entre os 2,50 e os seis euros e os “campeões da ementa” são o cozido de grão, as favas com entrecosto, o arroz de pato, a massada de peixe, os empadões infantis e até os tradicionais caracóis fazem parte da lista.
Aberta em plena pandemia, através das redes sociais, a loja rapidamente foi conhecida e além do grande volume de encomendas, o conceito expandiu-se, primeiro para Lisboa, junto à Praça de Touros do Campo Pequeno e depois para Loulé e se seguida para Évora.
Empresas do ramo agrícola já adquirem muitas refeições para os seus trabalhadores, mas o impensável já se tornou uma realidade. “No mês passado, uma importante cadeia de hotéis adquiriu só de uma vez 620 doses das mais variadas refeições. E vão continuar como clientes”, remata Luís Mestre. A loja tem uma capacidade instalada nas diversas arcas de refrigeração de 1.450 doses.
Currículos
Nome da empresa: “Aqui não comes”. Fundação: 3 de julho de 2020. Sede: Beja. Franchisgin’s: Lisboa, Loulé e Évora
Sócios: João Carlos Soares, 42 anos, operador de RX, Francisco George, 43 anos, proprietário de tabacaria e Luís Mestre, 44 anos, técnico autárquico. Funcionário: Diogo Mestre, 21 anos, ex-estudante.