O fenómeno raro designado por Heatburst foi detetado em Beja, na madrugada de 21 de maio, tendo sido verificada uma subida repentina da temperatura: subiu de 22.9 °C para 33.4 °C em cinco minutos.
“A noite e a madrugada de 21 de maio foram excecionalmente quentes”, indica o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Quer no contexto do mês, “quer no de registos anuais”, sobretudo no interior do país, em que as temperaturas variaram entre 26 e 32° C. Aliás, em vários locais do interior, a madrugada ficou marcada como a “mais quente desde que há registos”, tendo sido detetado um “fenómeno raro” em Beja, onde se verificou uma subida repentina e “significativa” da temperatura. Em apenas cinco minutos, a temperatura subiu 10.5 graus.
Designa-se por Heatburst este “fenómeno raro”, como explica o IPMA, em comunicado. Além da subida da temperatura, as “observações da estação IPMA de Beja mostraram rajadas de vento 53 km/h entre as 4.40 e as 4.50”, tendo sido verificada também uma redução da humidade relativa.
No mesmo período, “provavelmente entre as 4.40 e as 4.45 a temperatura do ar na estação subiu de 22.9°C para 33.4°C”, detalha o IPMA.
“Esta significativa e rápida subida de temperatura (mais 10.5°C) e descida de humidade relativa (menos 35%) num período de poucos minutos, constitui um fenómeno raro”, refere a nota, referindo-se ao que é designado por Heatburst. Um fenómeno que foi observado noutras estações da rede IPMA, “embora com menor expressão”.
Em cinco minutos, registou-se então rajada de vento de 53 km/h, uma subida a temperatura de mais de 10º e uma descida da humidade relativa em Beja.
De acordo com o IPMA, este fenómeno raro pode ser explicado por uma “massa de ar quente e seco proveniente do norte de África e com poeiras em suspensão”.
Revela o IPMA que, segundo diversos relatos, durante a madrugada de 21 de maio, “ocorreu um episódio de vento forte em Beja que, comprovadamente, provocou a queda de cerca de uma dezena de árvores de grande porte”.
O IPMA considera que, mediante as condições verificadas, “seria muito pouco provável a formação de um fenómeno do tipo tornado”, referindo-se então ao fenómeno meteorológico que afetou Beja: Heatburst.
“Esclarece-se que se o aquecimento for excessivo, a corrente descendente poderá ser totalmente contrariada e nem sequer chegar ao solo. Se tal não ocorrer, no entanto, a corrente descendente atingirá o solo ainda com algum momento linear, não obstante o aquecimento a que foi sujeita. Este tipo de fenómeno designa-se habitualmente por heatburst”, lê-se na nota do IPMA.
Tal como as temperaturas subiram repentinamente, também os valores voltaram a descer num curto espaço de tempo.
Depois de se ter atingido 33.4°C, durante a madrugada, a temperatura desceu posteriormente para os 25.5°C, “observados às 4.50”. Também a humidade relativa, que desceu de 49% para 13%, subiu depois para os 37%.
“O momento linear da corrente descendente poderá ser inferior ao de um downburst clássico, mas, ainda assim, manter algum potencial para a produção de rajadas convectivas na região mais baroclínica do outflow, como foi o presente caso”, sintetiza o IPMA.