Beja: Jovem de 10 anos espalha o caos na Escola Mário Beirão. Há registos de agressões.
Marco (nome fictício), um jovem de 10 anos, institucionalizado na Casa Pia e que sofre de problemas do foro neurológico e psicótico, tem lançado o caos na Escola Básica Integrada (EBI) Mário Beirão, em Beja.
O rapaz chegou à instituição de acolhimento depois da aplicação de uma medida de promoção e proteção aplicada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Serpa. Face aos problemas de saúde, Marco é acompanhado pelo Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja.
Na EBI Mário Beirão, há vários relatos de agressões a colegas, auxiliares e professores. A resolução das situações tem passado sempre pelo recurso “à chamada do polícia da Escola Segurança”. As instituições mais parecem “querer varrer” o assunto para “debaixo do tapete”.
Em janeiro as agressões a duas funcionárias foram participadas à PSP e os autos enviados ao Ministério Público. Os últimos casos ocorreram no início do corrente mês.
Depois de mais um episódio numa sala de aula e da condução de Marco ao hospital, os pais dos alunos da Turma C do 3º ano, da EBI Mário Beirão reuniram e “exigiram que fossem tomadas medidas”. Segundo apurou o Lidador Notícias (LN), o Conselho Diretivo suspendeu Marco da frequência das aulas, pelo período de 12 dias.
Na mesma reunião, os pais e encarregados de educação, aprovaram o envio à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), de um documento “a exigir a avaliação profundada da situação e garantia de segurança no interior da escola”.
O LN contatou várias instituições locais envolvidas no processo de Marco, mas somente a CPCJ de Beja e a Associação de Pais do Agrupamento de Escolas nº2 de Beja (ApeeAeBeja), se disponibilizaram a falar sobre o assunto.
Os responsáveis do Conselho Diretivo da EBI Mário Beirão e do Agrupamento de Escolas Nº2, da Casa Pia, do Centro Infantil Coronel Sousa Tavares, responsável por aquela instituição, o Centro Distrital da Segurança Social e o Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital José Joaquim Fernandes, declinaram fazer comentários, escudando-se “na lei de privacidade dos jovens, na proteção de dados do doente ou falta de autorização superior”, ainda que tenha sido garantido que a identidade do jovem não seria revelada.
Maria Manuel Coelho, presidente da CPCJ de Beja, referiu que “existe conhecimento dos factos que deram origem à participação policial”, acrescentando que não foi instaurado qualquer processo porque “existe uma medida de promoção e proteção aplicada, que resultou no acolhimento do menor numa instituição”, rematou.
Por seu turno, o presidente da ApeeAeBeja, Luís Estevens, justificou que oficialmente “não chegou qualquer comunicação à associação”, mas que em conversas informais com alguns pais “há conhecimento das situações provoca pelo aluno”, acrescentando que “uma eventual alteração da medicação”, poderá ter causado alteração no estado do jovem, concluiu.
“Sabemos que vai ser enviada uma carta à DGEstE, e vamos estar ao lado dos pais para sensibilizar as instituições para a tomada de medidas que garanta a segurança de todos”, rematou.
Os pais, apesar de não quererem falar sobre o assunto em público, em surdina vão deixando transparecer que “o aluno deve mudar de escola”.
Teixeira Correia
(jornalista)