Beja: Júlio Marques, de “bandeirante” a gerente de hotéis em Londres.


Tal como António Raposo Tavares, ilustre bandeirante paulista do século XVII, nascido no distrito de Beja e cuja estátua está imponente numa das praças da cidade alentejana, Júlio Marques, tem corrido os sete cantos do mundo, qual “porta-bandeira” da região.

Nome: Júlio Marques, Idade: 51 anos

Profissão: Diretor-geral de hotel

Naturalidade: Portel e Residência: Londres

Cedo começou a viajar. Nascido em Portel, com um ano rumou a Odemira e aos 4 anos chegava a Beja, tudo por força do pai ser notário. Sem perder os laços com a vila onde viu a luz do dia, Júlio considera Beja a “sua terra natal”.

O pai é solicitador e a irmã advogada e “eu sou o único que não visto a bata preta”, diz a sorrir, lembrando que sempre teve “muito jeito” para a restauração. Depois de jogar futebol nas camadas de formação do Desportivo de Beja, aos 18 anos surge a primeira experiência como aprendiz de cozinha, no “Gatus”.

Depois passou por Monte Gordo, regressa a Beja, onde o café Camacho e a cervejaria “Zé Belga”, são os portos de abrigo, até que em 1990 e durante três anos explora por conta própria, o restaurante “Muralha”.

Há 25 anos, em dezembro de 1993, Júlio Marques, começa a sua aventura pelo mundo que o há-de levar a Inglaterra para concretizar o sonho da sua vida: “ser diretor-geral de um hotel cinco estrelas em Londres”, diz, com os olhos a brilhar de alegria.

O “sonho” começa em Miami, quando vai trabalhar como empregado de mesa num navio cruzeiro da empresa italiana Costa Cruises, para fazer a “Rota das Caraíbas”, passando também pelo Golfo do México e o Alasca. Até regressar a Portugal, chega a chefe de mesa num navio de seis estrelas da Silversea Cruises e faz a volta ao mundo. “Era algo de surreal. Foi a experiência mais fantástica da minha vida”, recorda.

Em outubro de 1995, “atraca” em Lisboa e nas Docas. Durante cerca de cinco anos assume o cargo de chefe de sala do mítico Rock City. Entre junho e outubro de 2000, muda-se para Hannover e para a Expo, naquela que foi a primeira Exposição Universal realizada na Alemanha, sendo uma das caras do restaurante “O Madeirense” no Pavilhão de Portugal.

Em 21 de outubro de 2001 aterra no London Heathrow Airport, com uma ideia bem definida: “Tirar um curso de administração hoteleira e regressar a Portugal”, lembra. Mas enquanto estuda, trabalha à noite no bar de um hotel, o que o leva a mudar de planos e dois anos depois concorre ao cargo de chefe de comidas do London Bridge Hotel. Passados cinco anos chega a diretor de um hotel de luxo de quatro estrelas, em Surrey, cujo restaurante viria a ganhar uma estrela Michelin.

No regresso a Londres, dirige o Holiday Inn no Parque Olímpico dos jogos de Verão de 2012, onde se manteve até abril do ano passado, altura em que regressa ao London Bridge Hotel, agora como diretor-geral, de uma propriedade e operação privada há mais de duas décadas. Esse regresso valeu-lhe um artigo no site e revista The Caterer, a maior publicação de hotelaria no Reino Unido com uma tiragem semanal de meio milhão de exemplares. “É o reconhecimento de uma carreira de muitos anos em Inglaterra. Muitos ingleses gostariam de chegar a este lugar”, diz sorridente.

“Não há muita gente que tenha saído de Beja e chegue ao topo de uma carreira. Acima, só ser o dono do hotel”, justificando que “sou português, com passaporte lusitano, com muito orgulho”, rematando que o sonho da vida “é gerir um hotel de cinco estrelas no centro de Londres”, conclui.

Teixeira Correia

(jornalista)


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