A “revolta” por ter sido censurado, ao ter acendido um cigarro no interior de um estabelecimento, levou José Horta Gomes, vulgo “Malaquias”, de 53 anos, a matar a sangue frio, com três tiros, Pedro Ramos, de 38 anos, que o tinha repreendido pelo seu ato dentro da Pastelaria Pop Doce, em Salvada, concelho de Beja.
O arguido arrisca a pena máxima, já que está acusado de dois crimes: homicídio qualificado agravado, sendo que a sua graduação é qualificada por motivo fútil e agravado pelo uso de armas, que pode dar uma condenação entre 12 e 25 anos e detenção de arma proibida, que é punido com uma pena de 1 a 5 anos.
Depois de ter sido advertido pela vítima que não deveria fumar no interior do estabelecimento, o arguido caminhou para a porta e ficou a fumar no meio desta, com a porta entreaberta. Por insistência do proprietário é que “Malaquias” fumou o cigarro na rua. Antes do crime, houve um confronto físico entre os dois homens. A vítima ficou em pé junto ao balcão com os amigos e o arguido foi para a casa de banho de onde saiu armado com uma pistola com seis balas no tambor e fez os três disparos.
De acordo com o despacho de acusação do Ministério Público (MP) de Beja a que o Lidador Notícias teve acesso, na sequência de uma discussão ocorrida com a vítima, cerca das 20h30 do dia 8 de março do corrente ano, “Malaquias” foi à casa de banho e saiu empunhado uma pistola de calibre 6.35mm, com a qual fez três tiros a uma distância, entre 2 a 10 centímetros. Um disparo para a axila do ofendido, outro para o tórax e o terceiro para a parte lateral do abdómen, o último dos quais já com a vítima caída no chão, pelo efeito dos dois primeiros tiros. O óbito de Pedro Ramos foi confirmado no local pelo médico da viatura médica de emergência e reanimação (VMER).
No despacho de acusação o MP condenou a atitude do arguido justificando que por não ter gostado de ser advertido por fumar no interior do estabelecimento, mostrou desprezo pela dignidade de uma vida.
No local estava uma criança, filho dos proprietários do estabelecimento, que ficou apavorado e em choque, tendo outras pessoas conseguido retirar a pistola ao agressor que fugiu a pé, refugiando-se em casa. Depois telefonou a um advogado a contar o que se passara e que estava em casa à espera que a GNR o fosse buscar.
Como o Posto da GNR de Salvada funciona na modalidade de atendimento estava encerrado, foram mobilizados operacionais do Posto de Beja e do Destacamento de Intervenção, que cercaram as ruas adjacentes e acederam à casa do suspeito que se entregou sem oferecer resistência. O arguido foi levado sob custódia para as instalações do Comando Territorial de Beja da GNR, tendo posteriormente sido detido e levado para Faro, por inspetores da Diretoria do Sul da Polícia Judiciária para quem passou a investigação do crime.
Quanto à vítima, Pedro Ramos, era mecânico de motas de profissão, casado, pai de uma rapariga com cerca de 12 anos, e era o amparo da família incluindo do irmão que estava há cerca de três anos nunca cadeira de rodas, resultante de um acidente de viação.
“Malaquias” já esteve preso por crimes de tráfico de estupefacientes, roubo e recetação de material proveniente de furtos e aguarda julgamento em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Beja.
Teixeira Correia
(jornalista)


