BEJA: Manuel Almodôvar, taxidermista, “dá vida” a animais e aves.


Descendente de uma família alentejana ligado ao campo, agricultura e caça, Manuel Almodôvar, tem nos animais e nas aves a sua grande paixão e também o seu “ganha-pão”.

A sua profissão passa por “dar vida” aos mais diversos exemplares das duas espécies, Manuel é taxidermista, muito diferente de embalsamador.

Nome: Manuel Almodôvar, Idade: 38 anos

Profissão: Taxidermista, Residência: Beja

A primeira é a “arte” que vai do criar desde o esqueleto do animal, num molde de poliuretano, ao trabalhar a pele, penas ou escamas e juntar o conjunto, para que a peça seja natural e tenha uma “segunda vida”. Por seu turno o embalsamador utilizava um método fácil e simples, uma injeção de um composto químico orgânico (formol).

Aficionado da caça, cedo herdou aquilo a que chama “um trabalho feito de e por dinastias. O meu avô e o meu pai também se dedicaram a esta arte”, atira a sorrir. Aos 32 anos fez um curso de taxidermista lecionado na Universidade de Cáceres (Espanha), onde teve como mestre um dos maiores nomes da arte do país vizinho, Lorenzo Campon.

Com ele aprendeu e com ele continua a trabalhar. “De quinze em quinze dias vou a Cáceres, onde faço trabalhos para o Lorenzo que está jubilado”, recordando que por ele “fui tratado como um filho”, lembra.

Na sua, da família, Quinta da Saudade, nos arredores de Beja, é onde Manuel Almodôvar tem a oficina e é aí que passa os dias, embrenhado no que considera ser “um trabalho muito minucioso e complicado”, que requer um contato e uma vivência diária que “não se faz por cartilha ou decreto”, justifica.

A taxidermia da cabeça de um animal pode custar 500 euros, mas tem muito trabalho associado. “Somando as horas dos vários timings (fabrico dos moldes, esfolar, curtir a pele, aplicar e acabar), leva pelo menos cinco dias”, revela.

No caso de animais com cornos o processo ainda é mais complicado já que requer o corte da base do crânio e fazer a sua aplicação no molde. Pormenor importante para “dar vida” aos animais, aves ou peixes, são os olhos em vidro, importados dos Estados Unidos da América. Mas um dos mais novos da dinastia Almodôvar também faz troféus de caça, que passam pelo entalhamento de crânios, dentes ou cornos.

Mas existe um novo mercado florescente na taxidermia, que passa pelos animais domésticos de estimação (cães e gatos). Manuel recorda um caso que envolveu uma abastada senhora chinesa: “mandou-me tratar do seu pastor alemão que tinha morrido. Quando viu o animal chorou e não teve coragem de o levar por ser tão real. Pagou e ainda hoje está em Cáceres à sua espera”, remata.

Pelas suas mãos já passou o fabrico de mais de mil peças e um macho montês que matou em Valência “foi o que me deu mais gozo trabalhar”, recordando também um pato “oferecido a D.Isabel de Herédia, por um primo”, sintetiza.

Mas os objetivos futuros de Manuel vão mais longe: “quero trabalhar com aves para museus e colecionadores”, diz a sonhar.

Teixeira Correia

(jornalista)


Share This Post On
468x60.jpg