Beja: Avião da Air Astana aterra à terceira tentativa na pista da BA11.
“Mayday, mayday”. A história do avião que esteve “incontrolável” mas fez “aterragem limpíssima” em Beja.
O avião “incontrolável” conseguiu aterrar em segurança em Beja. Mas só à 3ª tentativa. A primeira foi quase fatal. A hipótese de amaragem foi ponderada duas vezes, mas nunca foi tentada.
À terceira tentativa, e depois de ter sido equacionada uma tentativa de amaragem, aterrou em segurança em Beja o avião de passageiros Embraer-ERJ da Air Astana, a companhia aérea do Cazaquistão, que esteve em dificuldades para aterrar no aeroporto de Lisboa.
O aparelho tinha seis pessoas a bordo — dois pilotos e quatro representantes técnicos — quando comunicou uma emergência: tinha ficado sem instrumentos e os pilotos não tinham acesso aos controlos necessários para aterrar o avião.
Duas horas depois de ter levantado voo, e com a possibilidade em cima da mesa de ter de fazer duas amaragens, o avião acabou por aterrar na base militar de Beja. Mas só à terceira tentativa. Depois das primeiras duas falhadas, a última foi “limpíssima”, segundo o relato de um jornalista que assistiu a tudo.
O Embraer-ERJ, um avião que tem capacidade máxima para 120 passageiros, tinha estado em Alverca em manutenção nas oficinas da OGMA exatamente por estar com problemas eletrónicos.
Pouco tempo depois de levantar voo, a tripulação pediu ajuda. “Mayday, Mayday, perdemos o controlo”, pode ouvir-se no registo sonoro das comunicações entre a aeronave e a torre de controlo. “Vou regressar ao aeroporto. O avião perdeu a capacidade de voar. Perdemos totalmente o controlo do avião e precisamos de aterrar no mar assim que possível”, defendeu o piloto, acabando por ser dissuadido pelas autoridades aéreas.
A seguir à paragem de manutenção, a aeronave voltaria para o Cazaquistão. Antes disso, teria de voar até Lisboa para testar o painel de instrumentos. Ao que o Observador apurou, a viagem que o aparelho fez entre Alverca e a Grande Lisboa fazia parte de um voo de teste que, desde o início, estava previsto nessa manutenção.
Foi nessa altura que o inesperado aconteceu. Quando tentava aterrar no aeroporto da capital, os comandos do Embraer-ERJ da Air Astana falharam e os pilotos perderam controlo do aparelho, começando a circular no ar numa trajetória errática. E isso é visível nos mapas da FlightRadar24, um website que disponibiliza a visualização de aviões de todo o mundo, em tempo real.
Por essa altura, já o piloto tinha acionado uma situação de emergência.
A primeira decisão da tripulação foi conduzir o aparelho até à zona do Estuário do Sado para o caso de ser necessário fazer uma amaragem, isto é, aterrar o aparelho na água. Essa amaragem nunca foi tentada, mas não seria a única a fazer parte dos planos do voo de emergência. A seguir, o avião largou combustível na zona de Coruche (Ribatejo) para ficar mais leve.
A partir dali, o avião da Air Astana seguiu em direção à região do Estuário do Tejo, uma vez mais preparado para a possibilidade de fazer uma amaragem. Essa também nunca foi tentada. Mas era preciso fazer uma aterragem de emergência. Restava às autoridades portuguesas decidirem qual o lugar mais seguro para o fazer.
Texto do Observador