Cinco arguidos do “gangue das oliveiras” faltaram ao julgamento. Só os dois presos preventivos do grupo está em tribunal. Ambos demarcaram-se da prática dos furtos.
Só dois dos sete cidadãos de leste, arguidos no processo da vaga de furtos ocorridos em vários pontos do país entre agosto de 2011 e fevereiro de 2019, marcaram presença na primeira sessão do julgamento que na segunda-feira teve início no Tribunal de Beja.
Robert Badalau, de 20 anos e Dimitru Goblan, de 30 anos, ambos em prisão preventiva, apontados como os cabecilhas do apelidado “Gangue das Oliveiras”, foram os únicos que compareceram perante o Coletivo de Juízes presidido pela magistrada Ana Batista. Foi emitido um mandado de detenção para condução a tribunal contra um arguido, de 33 anos, enquanto que os restantes quatro dos arguidos, com idades entre os 27 e os 29 anos, estão em paradeiro desconhecido, não tendo sido possível a sua notificação.
A redução do número de arguidos, advogados de defesa e testemunhas, levou o Coletivo a manter o julgamento na Sala Principal do Tribunal, em vez de o realizar no Salão Nobre do antigo Governo Civil da cidade, para dar cumprimento as determinações sobre a covid-19.
Em curtos depoimentos, sem necessidade de intérprete, ambos os arguidos apresentaram na língua portuguesa a sua versão dos factos desmarcando da participação em qualquer dos furtos de que estão acusados. Roberto Badalan, de nacionalidade romena justificou que “comprei uma carrinha já em Portugal e pagaram-me 2.000 euros para fazer um transporte de mercadorias para a Roménia. Desconhecia que era material furtado”, justificou. Por seu turno Dimitru Golban, moldavo, sustentou que fora “contratado” pelo seu amigo para “ajudar no transporte de uma mercadoria. Não sabia a proveniência das coisas”, concluiu.
Ao “Gang das Oliveiras” são imputados, em co-autorial matéria, treze crimes de furto qualificado, cometido furtos em vários pontos de Portugal e também em Espanha, acreditando os investigadores que o seu valor ultrapasse o meio milhão de euros. Muito do material foi introduzido no mercado negro na Roménia e outro em explorações agrícolas no Alentejo onde trabalhavam cidadãos de leste na apanha da azeitona.
O grupo foi desmantelado em 22 de fevereiro de 2019, depois de numa ação de fiscalização, militares do posto de Ferreira do Alentejo terem abordado uma viatura onde viajavam Robert e Dimitru com vário material furtado. Foi essa detenção e a confissão feita pelos dois homens que levou ao desmantelamento do gang.
Teixeira Correia
(jornalista)