Bº Alentejo: Covid-19, começa a gerar dificuldades às explorações de ovelhas leiteiras.
Criadores de ovelhas leiteiras começam a ter excesso de leite. Uns reduzem a produção, mas na zona de Évora já jogam leite fora. Na Serra da Estrela a situação é dramática.
É um círculo vicioso: há uma menor procura de queijos e bolos, há menos encomendas do comércio, os produtores fabricam menos queijos e requeijões e os criadores de ovelhas leiteiras começam a ter excesso de leite.
Não sendo de momento uma situação tão dramática como a que se vive na Serra da Estrela, os criadores de ovinos leiteiros no distrito de Beja começam a ter dificuldade de escoamento do leite em função da redução de encomendas dos produtores de queijos e requeijões.
As restrições de acesso às de grandes e pequenas superfícies comerciais, as pastelarias encerradas, situações originadas provocadas pela crise da pandemia do novo coronavírus, reflete-se no princípio da cadeia alimentar.
Luís Caetano, 52 anos, tem duas explorações uma Vale de Açor, concelho de Mértola e outra em Cabeça Gorda, concelho de Beja, tem um efetivo de 500 ovelhas de leite, que pastam em semi-extensivo.
“Produzia 450 a 500 litros/dia, e nesta altura já reduzi em 20%. Tenho dois clientes a que forneço o leite, um em Serpa e outro em Mombeja. Até final do mês as coisas não haverá grandes problemas”, diz apreensivo o criador.
A juntar às quebras de encomendas de queijos e requeijões em superfícies e pasteleiros, “os vendedores ambulantes, não podem circular e a venda dos produtos caiu muito”, acrescentando que as encomendas aos produtores de queijos e requeijões é ao dia e isso reflete-se de imediato no fornecimento de leite”, remata.
O Lidador Notícias (LN) apurou que na zona de Évora, há já criadores a atirar leite fora por não conseguir escoar o mesmo.
Não o conseguem escoar devido à diminuição da venda do queijo Serra da Estrela. Pedem apoio ao Estado porque não têm outro rendimento.
Os pastores estão a viver com a corda ao pescoço. A venda de queijo de ovelha reduziu drasticamente, obrigando as queijarias de média e pequena dimensão (a grande maioria do país) a reduzir a produção de queijo e, com isso, afetando centenas de pastores que fazem da venda de leite a única fonte de rendimento.
Na zona da Serra da Estrela, a produção dos queijos DOP (Denominação de Origem Protegida) está praticamente suspensa. Alguns dos pastores estão a lançar para a rua o leite das ordenhas diárias. É o caso de Ana Isabel Silva, de Oliveira do Hospital, que ontem despejou perto de 500 litros de leite que estava guardado em dois tanques apropriados. “O nosso fornecedor suspendeu a produção e o que fazemos com o leite? Guardamo-lo até quando? Os contentores ficam cheios em dois dias”, explica esta pastora que com o marido gere um rebanho de 150 ovelhas.
Teixeira Correia
(jornalista)