“Existem dois tipos de sentimentos. Do lado do devedor o de impunidade e do cobrador o de receio”, justificou um militar do Comando Territorial de Beja (CTBeja), fazendo a ligação ao facto do empresário Luís Montez, sócio-gerente da Música no Coração, ser genro de Cavaco Silva, antigo Primeiro-ministro e ex-Presidente da República.
O empresário e organizador do Festival MEO Sudoeste, falhou o compromisso de liquidar, até ao final do mês de novembro, os cerca de 60 mil euros dos gratificados (trabalho feito fora do horário normal e pago à parte) dos militares da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Questionado pelo Lidador Notícias (LN), o Comando-Geral (CG) da GNR confirmou que “o pagamento ao serviço remunerado em causa não foi efetuado em tempo devido”, acrescentando que a Guarda “acionou os mecanismos legalmente existentes por forma a garantir o pagamento”, não concretizando em concreto quais foram as ações desenvolvidas.
No passado mês de novembro, o LN revelou a existência da dívida do organizador do festival, que se realizou entre 7 e 10 de agosto, em Zambujeira do Mar (Odemira), para com a Guarda, a entidade prestadora dos serviços de segurança fora do recinto dos espetáculos. Nessa altura, Luís Montez confirmou a existência da mesma, assegurando que “estamos com um atraso, mas o pagamento vai ser regularizado até ao final do corrente o mês”, tendo o empresário explicado que “já falei com o Comando de Beja e ficou essa garantia. É muito dinheiro, mas temos que cumprir os nossos compromissos, porque para o ano realizaremos o festival”, concluiu.
Tal como o nosso jornal revelou, a situação que envolve a falta de pagamento dos gratificados do Festival Sudoeste será recorrente, tendo em conta que o pagamento dos custos da segurança da edição de 2022, foi pagou poucos dias antes do início da edição deste ano.
A operação “MEO Sudoeste 2023” foi coordenada pelo coronel Galvão da Silva, comandante do CTBeja, e mobilizou um elevado número de efetivos de diversas valências operacionais da Guarda.
Fonte do Comando Territorial de Beja (CTBeja) que pediu para não ser identificada, para evitar represálias, sintetizou ao JN que: “existem dois tipos de sentimentos. Do lado do devedor o de impunidade e do cobrador o de receio”, fazendo a ligação ao facto de Montez ser genro do antigo Primeiro-ministro e Presidente da República, Cavaco Silva.
Na passada terça-feira ao +M, o empresário confirmou que depois de 10 anos de ligação “a MEO deixou de ser o principal patrocinador e naming sponsor do Festival Sudoeste”, que em 2024 se vai realizar de 7 a 10 de agosto.
Luís Montez considerou ainda que a queda do principal patrocinador não coloca em risco a dimensão e o tipo de artistas do festival, deixando a garantia de que “até vou fazer questão de ser o melhor de sempre”, rematou.
Este ano o CG da GNR não revelou os meios envolvidos no Sudoeste, sabendo-se que no ano passado nas três fases da operação, início, festival e encerramento, que decorreu entre 30 de julho e 7 de agosto, empenhou diariamente cerca de 100 militares de todas as valências.
Teixeira Correia
(jornalista)