Associação Ambiental dos Amigos das Fortes (AAAF) colocou outdoor na A2, para sensibilizar a opinião pública contra as fábricas de bagaço perto dos aglomerados populacionais.
“As fábricas de bagaço são um desastre” é o lema de uma campanha levada a cabo pela Associação Ambiental dos Amigos das Fortes (AAAF), da aldeia de Fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, com a colocação de um outdoor na A2, no sentido sul/norte (Algarve-Lisboa), onde lembram também que “A aldeia das Fortes sufoca”.
Em comunicado, a AAAF justifica que a iniciativa visa “a sensibilização da opinião pública para o problema ambiental gerado pelas fábricas de bagaço de azeitona”, indo ainda organizar, na própria aldeia, tertúlias sobre o tema, envolvendo ONG+s, artistas e amigos do ambiente e organizar pinturas “em paredes da nossa aldeia que ilustrem a nossa causa”, justificam.
Desde 2009 que a AZPO-Azeites de Portugal, empresa ligada ao poderoso Grupo Migasa, de Espanha, fábrica de bagaço de azeitona que labora na aldeia, é apontada como sendo a geradora da poluição que causou problemas de saúde na população.
Apesar da pandeia a AAAF afirma não ter estado parada, revelando que esteve no acampamento 1.5 da Climáximo “para partilhar o nosso testemunho”, estando empenhado no Movimento Alentejo VIVO e “prosseguimos contactos” com a Associação Ambiental ZERO, Universidade de Aveiro e outras entidades “para encontrar soluções que acabem com as fábricas de bagaço perto das localidades”, justificam.
A associação das Fortes insiste que o bagaço de azeitona visto até aqui como um resíduo tem vindo cada vez mais a ser considerado um recurso agronómico de grande valor, defende que transformado em composto já é utilizado em algumas explorações agrícolas sustentáveis”, concluem. A AAAF diz “pugnar para que a fileira do olival deve seguir o caminho da sustentabilidade e o aproveitamento de fundos comunitários em torno da economia circular” apontando como exemplo o projeto URSA, da Empresa de Desenvolvimento de Infraestruturas de Alqueva (EDIA), que “potencia a valorização dos subprodutos e dos recursos do olival, favorecendo a melhoria da qualidade dos recursos territoriais”, remata.
A situação na aldeia das Fortes é de tal forma grave, que em maio de 2020, uma residente na aldeia deu entrada no Tribunal Central Cível de Beja, com uma ação contra a AZPO-Azeites de Portugal, onde exige uma indemnização de mais 260 mil euros. Seis meses depois realizou-se uma sessão para tentativa de conciliação entre as partes, onde não houve acordo e a caso seguiu para julgamento, que já esteve marcado para o passado dia 19 de maio, mas foi adiado.
Em meados de 2018 a fábrica teve que parar devido às acusações de que foi alvo e setembro desse mesmo ano, a AZPO anunciou que tinha avançado com um investimento de 1,2 milhões de euros para reduzir o impacto ambiental, cumprindo condições impostas pelo IAPMEI, para voltar a laboral. Ainda a empresa continuar a ser alvo da contestação da população e de ambientalistas de não ter eliminado o problema.
Teixeira Correia
(jornalista)