MORTES POR CALOR


Na semana passada, foram vários os órgãos de comunicação social, que deram eco ao tema das mortes em consequência do calor, numa altura em que as temperaturas ainda rodam os 40º C, especialmente no interior do país, pelo que voltamos a abordar o tema das temperaturas extremas adversas, que são notícia todos os anos no verão, mas também no inverno, pelos priores motivos.

Rogério Copeto

Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Foram os dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) referentes ao ano de 2023, que motivaram as noticias referidas, como é exemplo o artigo da Antena 1 “Dados da OMS. Calor provoca mais de 175 mil mortes por ano na Europa”, onde se refere que “a Europa é a região do planeta a aquecer mais rapidamente, cerca do dobro da média global. O calor extremo está a matar 175 mil pessoas por ano na Europa, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, divulgados esta sexta-feira. Nos últimos 20 anos, a mortalidade relacionada com as temperaturas elevadas também aumentou 30 por cento.”

Tendo o DN de dado conta no seu artigo “Mortalidade por calor excessivo preocupa Ordem dos Médicos” que o “Bastonário da Ordem dos Médicos critica falhas no planeamento e pede medidas de prevenção e mais campanhas de informação à população. Portugal está no top 20 dos países mais afetados pelo calor nos últimos 30 anos. Entre 1990 e 2019, morreram em média 600 pessoas por ano”

Também o JN dá conta que o “Calor matou quase 1500 pessoas em Portugal em 2023”, destacando que “morreram em Portugal 1432 pessoas devido às altas temperaturas em 2023, naquele que foi o ano mais quente registado a nível mundial e o segundo mais quente do continente europeu.” 

O CM mais recentemente no dia de 17 de agosto refere no artigo “Calor e caos na Saúde fazem disparar mortalidade” que “julho registou mais 779 mortes face ao mesmo mês do ano passado, numa subida de 8,9%”.

Sobre os registos da mortalidade em Portugal, os mesmos podem ser acompanhados no Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO), que regista toda a informação referente à mortalidade em Portugal e cuja finalidade “é permitir a articulação das entidades envolvidas no processo de certificação dos óbitos, garantindo uma adequada utilização dos recursos, melhoria da qualidade, do rigor da informação e rapidez de acesso aos dados em condições de segurança e no respeito pela privacidade dos cidadãos”.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) é a entidade responsável pela gestão e tratamento da base de dados do SICO e garante a vigilância epidemiológica da mortalidade identificando situações de risco para a saúde pública e a codificação das causas de morte de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e problemas relacionados com a saúde.

Conforme referido, a temática dos óbitos provocados pelo calor e pelo frio é recorrente, e mais uma vez neste verão e por motivo das elevadas temperaturas que ainda se fazem sentir, o tema veio novamente para discussão, sendo por isso oportuno também referir que a DGS, elabora todos os anos o “Plano de Contingência para a Resposta Sazonal em Saúde – Referencial Técnico Verão 2024”, que tem a finalidade de “prevenir e minimizar os efeitos negativos do calor extremo e mitigar o impacto de fenómenos sazonais na saúde da população e de grupos em situações vulneráveis em particular, cuja frequência pode aumentar na primavera e no verão, designadamente alterações da qualidade do ar, toxinfeções alimentares, grandes fluxos de pessoas, acidentes (e.g. afogamentos ou acidentes rodoviários), incêndios rurais ou o aumento da atividade de vetores como mosquitos e carraças”.

A DGS pretende ainda “promover a adequação da capacidade de resposta pelos serviços de saúde aos fenómenos sazonais supramencionados, e reduzir o impacto destes fenómenos nos serviços de saúde, e na morbilidade e mortalidade da população em Portugal, sobretudo nos grupos em situações vulneráveis. Incluem-se nos grupos em situações vulneráveis: idosos, crianças, grávidas, pessoas com doenças crónicas e pessoas que exercem atividades ao ar livre”.

Assim, importa alertar a população em geral e em especial os grupos mais vulneráveis (crianças, pessoas idosas e pessoas com doença crónica), para a necessidade de cumprir algumas recomendações, que aqui se repetem, por estarmos novamente a passar um período de elevadas temperaturas:

– Mantenha-se hidratado (beba água, mesmo se não tiver sede);

– Use roupas leves e largas e não se esqueça do chapéu e dos óculos com proteção contra a radiação UVA e UVB;

– Evite exposição solar ou atividades físicas no exterior nas horas de maior calor (entre as 11h e as 17h);

– Sempre que estiver ao ar livre, use protetor solar com índice de proteção igual ou superior a 30. Renove a sua aplicação de 2 em 2 horas ou de acordo com a indicação da embalagem;

– Se possível, permaneça duas a três horas por dia num ambiente fresco ou com ar condicionado;

– Evite as mudanças bruscas de temperatura;

– Siga as recomendações do seu médico assistente;

– Esteja atento às previsões meteorológicas e proteja-se do calor, principalmente se tiver algum problema de saúde ou se pertencer a um grupo vulnerável;

– Evite que a sua casa aqueça demasiado. Nos horários de maior calor, corra as persianas ou portadas. Ao entardecer, quando a temperatura exterior for mais baixa do que a interior, deixe que o ar circule pela casa;

– Mantenha-se em contacto e atento aos familiares e pessoas conhecidas que vivam isoladas, em especial, se forem idosas ou de grupo vulnerável.

Para informações ligar para a Saúde 24 (808 24 24 24) e em caso de emergência ligar 112.

Nota: O texto constitui a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição da instituição onde presta serviço.


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