Moura: Segundo dia do julgamento do processo da secção de caça do Clube Mourense.


Começaram ontem a serem ouvidas as testemunhas de acusação. Os três indivíduos que despoletaram o processo e sócios da agremiação, que também prestaram depoimento na PJ.

Ouvidos os arguidos, oito homens e uma mulher com idades entre os 34 e os 62 anos, seis acusados dos crimes de abuso de confiança e três do crime de recetação, o processo entrou ontem na fase de audição das testemunhas.

Prestaram depoimento os três indivíduos que despoletaram o processo, sócios da secção de caça do Clube Mourense de Amadores de Pesca e Caça Desportiva (CMAPD), profissionalmente ligados às forças de segurança e diversos sócios, que também prestaram depoimento na PJ e que foram por esta arrolados como testemunhas.

Idalécio Banha, um dos denunciantes, referiu que a secção de caça, durante 10 anos, “terá conseguido receita de 2 milhões de euros”, que segundo ele resultaram de “quotizações, joias, venda de portas nas caçadas e festas”.

Acusou os arguidos de “não apresentarem contas”, justificando que as mesmas surgiam em folhas A4 e numa das vezes “havia 5.000 euros em papel higiénico, o que a Câmara não gasto num ano”, justificou.

Banha garantiu que tomou conhecimento no tribunal que “havia diretores pagos pelos serviços”.

Durante a inquirição da testemunha, o juiz Vítor Maneta que só foi possível aprovar contas por unanimidade com 14/ 15 pessoas porque “os caçadores de Moura se demitiram das suas responsabilidades”.

Face às contas que a testemunha apresentava como inflacionadas, a juíza Ana Batista referiu que “em 20 volumes e resmas de papel a PJ não chegou à conclusão”, recordando-lhe que também “era agente da autoridade”.

Também sócio e caçador, António Almeida, natural de Pinhal Novo, confirmou que pagou 2.500 euros de joia, 45 euros de quota mensal e mais 50 euros de uma quota suplementar.

“levei outros amigos que pagaram o mesmo. Nunca recebi um tostão do clube”, rematou.

Questionado sobre se também é sócio da nova coletividade que explora o mesmo espaço de caça que o antigo clube, Almeida respondeu afirmativamente.

Para quarta e quinta-feira estão agendadas sessões de manhã e à tarde e antes das alegações finais, vai ser ouvida uma perita da Polícia Judiciária, responsável pela análise das contas da secção de caça do CMAPD, que poderá ser fundamente no esclarecimento das eventuais ilegalidades denunciadas.

 Teixeira Correia

(jornalista)


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