Olivicultura: Campanha 2020 com baixa de produção de 25%.


Produção de azeitona na campanha de 2020 com baixa de produção de 25%., segundo os dados do INE. Preço no consumidor não deverá sofrer alteração.

“As previsões agrícolas apontam para uma redução de 25% na produção de azeitona” é a conclusão espelhada no último boletim do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativo à campanha do ano passado que terminou no final de dezembro, face ao mesmo período de 2019.

Na publicação, referente ao mês de janeiro, o INE sustenta que ainda que a precipitação dos últimos meses tenha compensado parte da quebra na carga de frutos, por outro lado a entrega da matéria-prima nos lagares, nem sempre foi contínua. A recuperação foi mais patente nos olivais tradicionais de sequeiro, no interior Norte.

Apesar de na maior parte das principais regiões produtoras “a floração ter sido bastante satisfatória, o vingamento da azeitona (o resultado dos processos vegetativo e reprodutivo) não correspondeu às expetativas e a carga de frutos inicial foi inferior à da anterior campanha”, justificou o Instituto.

Ouvido pelo Lidador Notícias (LN), Fernando Palma, empresário agrícola, partilha da opinião expressa pelo INE e sustenta que “as chuvas durante o período de floração (março/abril) levaram a essa perda”, acrescentando que “a quebra da qualidade” também se fez sentir ao nível da acidez do azeite extra virgem, o produto de referência os mercados.

“A acidez do azeite extra virgem não deve ultrapassar os 0,6 graus e na campanha houve cerca de 60% do produto que rondou os 6 graus. Obriga a mais trabalho e custo na produção do azeite a granel”, sustentou o agricultor, numa opinião que vai de encontro às previsões do INE que justifica que a variação no índice de preços no produtor observada no azeite a granel, em mais 18,2%.

Também os preços da apanha da azeitona se fizeram sentir junto dos agricultores. Fernando Palma explica que “no olival super intensivo o preço foi de 3,2 cêntimos/ kilo e no tradicional, o intensivo, foi de 10 cêntimos/ kilo”, justificando que na apanha mecânica “quanto mais baixa for a produção, maior é o custo”, elucidando que numa hora uma máquina apanha azeitona num hectare de olival e que o preço de custo kilo “fica entre 1,30/ 2 cêntimos. O trabalho da máquina por hectare é o mesmo, o proveito é que é menor”, concluiu.

Pelo longo conhecimento que tem do sector da olivicultura e produção de azeitona e azeite, o agricultor alentejano, acredita que “para já os preços não se vão refletir junto dos consumidores”, rematou.

Em 2020, dos 97.189 hectares regados a partir da barragem de Alqueva, com culturas de diversas produções, o olival ocupa 68.346 hectares, ou seja, 70,32% da área regada.

Dos 91 lagares da região Alentejo, 53 situam-se na zona de Alqueva, ou seja cerca de 58%. Das mais de nove dezenas de lagares, 48 são industriais e 29 ficam sediados na abrangiam-se do maior lago artificial da Europa, sendo que os concelhos de Beja e Serpa concentram-se o maior numero desse tipo de unidades, 6 cada um.

Dados do Anuário Agrícola Alqueva 2020-Edição da EDIA

Com a informação obtida junto da Direção Regional de Agricultura do Alentejo, foi possível identificar e quantificar os lagares de azeite existentes no Alentejo e na região de Alqueva. A identificação dos lagares foi feita pela sua tipologia e pelo seu sistema de extração, conforme se apresenta seguidamente: • Tipologia – Particular; Cooperativo; Industrial (Lagar em que a azeitona laborada é do próprio e de outros ou só de outros). • Sistema de Extração – Tradicional; continuo duas fases; continuo três fases.

A abrangência territorial selecionada, compreende a região Alentejo e a zona de Alqueva, que inclui os concelhos de: Alcácer do Sal; Grândola; Santiago do Cacém; Aljustrel; Alvito; Barrancos; Beja; Cuba; Ferreira Alentejo; Moura; Serpa; Vidigueira; Elvas; Alandroal; Évora; Mourão; Portel; Reguengos de Monsaraz; Viana do Alentejo.

Cerca de 58% dos lagares da região Alentejo situam-se na zona de Alqueva, mais uma demonstração da importância que a cultura do olival tem para a região de Alqueva. Com um impacto positivo ao nível do ambiente, verificamos que atualmente na região Alentejo o nº de lagares de azeite com o sistema de extração tradicional é praticamente residual face ao número total de lagares existente na região.

Relativamente á tipologia dos lagares, através da consulta do gráfico seguinte, verifica-se que os lagares industriais são cerca de 54% da totalidade dos lagares existentes na região Alentejo e cerca de 41% na zona de Alqueva.

Concentrando a análise dos dados da zona de Alqueva, verifica-se que a existência de lagares é praticamente transversal a todos os concelhos, exceção feita os concelhos de Grândola, Alvito, Cuba e Barrancos. Fica também realçado neste gráfico os três “polos” mais importantes para a cultura do Olival na região de Alqueva, os concelhos de Beja, Ferreira do Alentejo e Serpa. É aí onde a concentração de lagares de tipologia industrial é maior, coincidindo também com os concelhos que mais área de olival de regadio têm plantado.

N.º de Lagares por Sistema de Extração- Alentejo: Total-91, Tradicional-7, Contínuo duas fases-72 e Contínuo três fases-12 e Zona de Alqueva: Total-53, Tradicional-3, Contínuo duas fases-45 e Contínuo três fases-5

N.º de Lagares por tipologia- Alentejo: Particular-17, Cooperativo-26 e Industrial-48 e Zona de Alqueva: Particular-12, Cooperativo-12 e Industrial-29

Lagares na zona de Alqueva- Alandroal (2): Cooperarivo-2, Alcácer do Sal (3): Particular-1, Cooperativo-1 e Industrial-1, Aljustrel (1): Particular-1, Beja (9): Particular-2, Cooperativo-1 e Industrial-6, Elvas (3): Particular-1, Cooperarivo-1 e Industrial-1, Évora (2): Cooperarivo-1 e Industrial-1, Ferreira do Alentejo (7): Particular-2 e Industrial-5, Moura (4): Particular-1, Cooperativo-1 e Industrial-2, Mourão (2): Cooperarivo-2, Portel (3): Particular-1, Cooperarivo-1 e Industrial-1, Reguengos de Monsaraz (2): Cooperarivo-1 e Industrial-1, Santiago do Cacém (3): Particular-1 e Industrial-2, Serpa (9): Particular-2, Cooperativo-1 e Industrial-6, Viana do Alentejo (1): Industrial-1e Vidigueira (2): Industrial-2

Teixeira Correia

(jornalista)


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