Serpa: Urgência do Hospital sábado deixava de funcionar durante as 24 horas. Domingo, volta a funcionar.


“O que ontem era verdade, hoje é mentira”, uma máxima do futebol português que se pode aplicar ao funcionamento do Serviço de Urgência do Hospital de São Paulo, em Serpa. Na tarde de sábado deixava de funcionar durante 24 horas, no domingo já volta a não encerrar.

Via email, o Comando Distrital de Operações de Socorro /CDOS) comunicava que, tendo como base uma informação da Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), fazia saber no sábado que “a partir das 00.00 horas do dia 16 de outubro, o Serviço de Urgência de São Paulo, em Serpa, passa a funcionar no seguinte horário: 08,00 horas às 24,00 horas”.

Na página de facebook, a SCMS publicava um comunicado à população do concelho de Serpa (que pode ler na integra no final da notícia), onde dava conta dessa determinação porque o mesmo “acarreta custos insuportáveis”. Ontem à tarde o CDOS enviava novo email, onde dava conta que a anterior comunicação “a mesma fica sem efeito, continuando o Serviço de Urgência a funcionar 24 horas por dia”.

Apesar da comunicação do CDOS, que não cita qualquer instituição, na página de facebook da Santa Casa, não existe qualquer referência a desmentir o encerramento que faz no comunicado emitido 24 horas antes. Também na página da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), não há qualquer referência à situação em causa.

O blog SerpaAlentejo (aqui), citava o Drº António Sargento, membro da Mesa Administrativa da Misericordiosa de Serpa, que na sua página de facebook, onde afirmava que o Serviço de Urgência do Hospital de São Paulo mantinha todos os serviços 24 horas. “A população deste concelho tem obrigatoriamente que ter um serviço de urgência 24 horas….hoje vou para a minha cama feliz por saber que valeu a pena…vou para a minha cama feliz pois sei que durante a noite o Hospital de São Paulo está de portas abertas para servir um,dois ou todos os que necessitam de cuidados médicos e clínicos…”, citámos.

Recorde-se que o Hospital de São Paulo, em Serpa, é gerido desde 1 de janeiro de 2015, pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa (SCMS), e em causa está a denúncia do contrato de gestão da unidade hospitalar que integra a rede do Serviço Nacional de Saúde, que até ao final do corrente ano deverá regressar à ULSBA.

No comunicado à população do concelho de Serpa, publicado na página de facebook da SCMS, é referido que “a manutenção deste serviço 24 horas, acarreta custos insuportáveis”, acrescentando a instituição que “apenas recebe verbas do Estado correspondentes aos atos clínicos praticados”, rematando que o restante é feito por conta própria, “com prejuízos elevados”, justificam.

No documento, a Provedoria da Santa Casa, sustenta que “perante esta situação, que pode vir a colocar em causa a sustentabilidade da própria Misericórdia”, a Mesa Administrativa “decidiu denunciar o Acordo de Cooperação”, tendo no início de junho de 2017, enviado uma carta ao Ministério da Saúde, onde justifica o ato “por incumprimento do parte dos parceiros”, ULSBA, Administração Regional de Saúde (ARS) e Ministério.

A SCMS acrescenta que se “disponibilizou para “encontrar soluções de parceria com a ULSBA, pelo que “em acordo entre as duas instituições a mesma tem início em 15 de outubro, “cessando, nessa data a prestação de Serviços de Urgência, conforme definido no Acordo de Cooperação, com a alteração introduzida no horário de funcionamento”, que segundo o CDOS, será entre as 8 e as 24 horas.

No comunicado dirigido à população, a Mesa Administrativa da Santa Casa, justiça que “diligenciou junto dos parceiros”, Câmara de Serpa, Juntas de Freguesia, forças políticas com representação no concelho, a que acusa de “pouco ou nada fizeram para apoiar e ou inverter a situação”, justificando a existência de alguma “contra-informação”, que criou, ainda “mais instabilidade, contribuindo para inviabilizar a continuidade do projeto”, rematam.

A par do Hospital de São Paulo, a SCMS detém a gestão de um Lar, Serviço de Apoio Domiciliário, duas Unidades de Cuidados Continuados (média e longa) no equipamento Senhora da Guadalupe e duas Unidades (Convalescença e Paliativos) a funcionar no 1º andar do edifício do hospital.

Teixeira Correia

(jornalista)

COMUNICADO DA SANTA CASA DA MISÉRICÓRDIA de SERPA

À população…
A Santa Casa da Misericórdia de Serpa aceitou a gestão do Hospital de S. Paulo, com base num Acordo de Cooperação celebrado com o Estado, em 14/11/2014.
Na base desta decisão esteve a preocupação de melhor servir a população do concelho de Serpa, numa tentativa de requalificar espaços e equipamento e recuperar serviços neste hospital que, desde 2006, tinham vindo, a pouco e pouco, a ser deslocalizados para o Hospital de Beja, encontrando-se o Hospital de S. Paulo praticamente desactivado.
O Hospital de S.Paulo integra a rede do Serviço Nacional de Saúde, continuando os utentes a usufruir dos mesmos direitos e privilégios.
O programa assistencial previsto neste Acordo assenta em três pilares:
1- Serviço de urgências-24h;
2-Consultas de várias especialidades (cardiologia, fisiatria, oftalmologia, dermatologia e ortopedia), num total de 9300 consultas/ano;
3- Cirurgias de Ambulatório, geradas pelas consultas das especialidades oftalmologia, ortopedia e dermatologia.
A Santa Casa da Misericórdia de Serpa, utilizando recursos financeiros próprios, reabilitou parte do edifício, equipou/criou espaços e gabinetes (sala de espera, gabinetes médicos, gabinete de trabalho da equipa multidisciplinar das UCC’S, sala de fisioterapia para os utentes da Unidade, banho assistido, gabinete de recolha de análises, sala de rx convencional, ecógrafo e Tac, bem como o sistema informático de suporte) e contratualizou médicos especialistas, visando o cumprimento do Acordo celebrado.
Ao longo destes quase três anos, apenas se desenvolveu a actividade de serviços de urgência, com a cobertura de 24h/dia, acrescida de rx convencional e análises, cujos custos são suportados pela Misericórdia.
A manutenção deste serviço 24/h acarreta custos insuportáveis, já que a Santa Casa apenas recebe verbas do Estado correspondentes aos actos clínicos praticados, sendo o restante investimento realizado por conta própria, com prejuízos elevados.
A actividade prevista nos pontos 2 e 3 – consultas de especialidade e cirurgias, que depende do envio de doentes, por parte dos médicos de família (prova evidente de que o programa assistencial de S. Paulo é da esfera pública, ou seja, do SNS), não aconteceu, tornando insustentávl o projecto em causa.
Para ilustrar o ocorrido desde 01 de janeiro de 2015, divulga-se o movimento assistencial realizado nas consultas de especialidade, face ao previsto em Acordo:

Ano: 2015, Consultas Previstas: 9.300, Consultas Realizadas: 0

Ano: 2016, Consultas Previstas: 9.300, Consultas Realizadas: 74

Ano: 2017, Consultas Previstas: 9.300, Consultas Realizadas: 58

Total: Consultas Previstas: 27.900, Consultas Realizadas: 132

A Mesa Administrativa da Santa Casa, ao longo deste período, diligenciou junto dos parceiros, da autarquia, dos presidentes das Juntas de Freguesia e, até, das forças políticas com representação no concelho de Serpa, que pouco ou nada fizeram para apoiar e ou inverter a situação. Pelo contrário, a veiculação de alguma contra-informação, não esclarecedora da população, criou, ainda, mais instabilidade, contribuindo para inviabilizar a continuidade deste projecto.
Perante esta situação, que pode vir a colocar em causa a sustentabilidade da própria Misericórdia, que detém actualmente, a par do Hospital de S. Paulo a gestão de um Lar, do Serviço de Apoio Domiciliário, de duas Unidades de Cuidados Continuados (Média e Longa) no Equipamento Sra. de Guadalupe e duas Unidades (Convalescença e Paliativos) a funcionar no 1º andar do edifício de S. Paulo, a Mesa Administrativa decidiu denunciar o Acordo de Cooperação no início de Junho de 2017, em carta dirigida ao Sr. Ministro da Saúde, por incumprimento por parte dos parceiros.
Em negociações posteriores reforçou esta decisão de denúncia do Acordo junto da ULSBA/ARS e Ministério da Saúde.
Contudo, a Santa Casa, não perdendo de vista a sua missão de servir e, mantendo dinâmicas próprias, disponibilizou-se para encontrar soluções de parceria com a ULSBA, de carácter transitório, até ao final do ano em curso, que minimizem o impacto desta situação na população.
Por acordo entre estas entidades inicia-se esta parceria, a partir de 15 de Outubro, cessando, nessa data, a prestação do Serviço de Urgência conforme definido em Acordo de Cooperação, com a alteração introduzida no horário de funcionamento.
A Santa Casa compromete-se a manter a gestão das duas Unidades de Cuidados Continuados (U. Convalescença e U. de Paliativos) a funcionar no 1º andar do edifício, não colocando em causa os postos de trabalho dos funcionários que nelas prestam serviço.

A Mesa Administrativa


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