João Dias deputado do PCP eleito pelo Círculo de Beja e enfermeiro de profissão, defende que o call center da Linha SNS24, que funciona no antigo edifício da PT na cidade alentejana, deve ser integrado e gerido pelo Ministério da Saúde.
Profissional dos quadros da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), João Dias sustenta que a linha “é parte integrante do Serviço Nacional de Saúde (SNS). É necessária e fundamental no apoio aos doentes. Com a pandemia tem sido um elemento decisivo”, justificando que a mesma “deve ser gerida pelas estruturas do ministério e não por entidades privadas que têm uma perspectiva não de serviço público mas de uma área de negócio. Deve ser integrado no SNS e com quadros próprios”, concluiu.
O deputado respondeu ao Lidador Notícias (LN) na apresentação das propostas de saúde da CDU para o distrito no programa das próximas eleições, defendendo a necessidade de assegura a qualidade do serviço prestado aos utentes. “Só há serviço de qualidade se os profissionais estiverem certificados e com padrão de formação para as necessidades clínicas que são tomadas aquando do atendimento. A qualidade é garantia de segurança”, rematou.
Enquanto enfermeiro, João Dias considera que são necessários “profissionais efetivos e não em acumulação de funções. Muitos casos são segundos e terceiros empregos que alguns enfermeiros conseguem”, garante.
O call center resultou de uma parceria entre o Algarve Biomedical Center (ABC) e a operadores de telecomunicações Altice, que detém a exploração da Linha SNS24, tendo o presidente do ABC divulgado que o mesmo “começou a funcionar com 40 operadores, entre enfermeiros e alunos do último ano do curso de enfermagem do Instituto Politécnico de Beja”, resumiu Nuno Marques.
No passado domingo o LN revelou que o call center não tem ao serviço qualquer enfermeiro ligado à ULSBA a trabalhar como operador, de acordo com informação da administração desta unidade. Quando questionado sobre este facto, Nuno Marques, assegurou que “temos 110 enfermeiros inscritos e alguns já têm formação. Não nos interessa onde trabalham e que vínculos contratuais têm com outras instituições. Apenas se têm cédula e se podem exercer”, rematou.
Questionados os Serviços de Planeamento, Marketing e Comunicação do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) sobre o número de alunos que tem o último ano do curso da Escola Superior de Enfermagem (ESE) e desses quantos estão a trabalhar no call center, foi revelado que “o curso tem 38 alunos, 9 dos quais estão a trabalhar na referida unidade”, justificando que o contacto entre o Algarve Biomedical Center e os alunos “foi feito” pela direção da ESE.
Conhecedor da realidade da enfermagem no distrito de Beja e no país, João Dias garante: “tenho muitas dúvidas que consigam encontrar enfermeiros suficientes responder às necessidades de um call center da dimensão do de Beja. O recurso a estudantes e alunos de enfermagem não garante o mesmo nível de qualidade e segurança”, sustentou.
Na passada terça-feira em Vila Franca de Xira a ministra da Saúde revelou que nos primeiros 11 dias do ano a SNS24 recebeu por volta de 700 mil chamadas, explicando que “houve alteração de algoritmos e reforço de profissionais (de saúde)” admitindo que em breve o país poderá contar com a abertura “de mais alguns cal centres”, rematou.
Teixeira Correia
(jornalista)