Renascente de São Teotónio atravessa, na diagonal, todo o distrito para jogar em Barrancos jogo da Taça da Associação de Futebol de Beja. Nas competições nacionais só o Portimonense em Chaves.
A segunda mais importante competição da Associação de Futebol de Beja (AFB), no escalão de seniores, tem no próximo domingo, um jogo em tudo inusual que coloca frente-a-frente duas equipas dos dois concelhos que se “tocam” pelos extremos, uma na raia com Espanha e a outra junto ao Oceano Atlântico.
O sorteio dos oitavos-de-final da Taça Distrito de Beja teve o condão de juntar o Barrancos F.C. e o G.D.Renascente de São Teotónio (Odemira) e que obriga a equipa visitante a uma travessia que já apelidaram de “Alentejo de lés-a-lés”.
Para se apresentar no Estádio Municipal de Barrancos a equipa do concelho de Odemira, tem uma verdadeira maratona para cumprir. O autocarro do Município que vai transportar a equipa vai sair de São Teotónio às 08,00 horas, e pela frente tem 230 quilómetros que deverão levar 4 horas a percorrer, depois de cruzar sete concelhos (Odemira, Ourique, Castro Verde, Beja, Serpa, Moura e Barrancos). Pelo caminho fica o almoço às 11,15 horas em Safara, concelho de Moura, e até à vila raiana pelo trajeto, mais curto mas mais sinuoso, são 27 quilómetros, enquanto que por Amareleja um trajeto com menos curvas, há que percorrer 40 quilómetros.
Findo o jogo e partindo do princípio que não há prolongamento o Renascente faz-se de novo à estrada para repetir a odisseia e até chegar a São Teotónio, por volta da meia-noite, há um jantar em Serpa.
Mas são esses quatro jogadores e o técnico Luís Miguel, que ainda têm mais uma dura tarefa rodoviária para cumprir desde que saem até que regressam a casa. O jogador Diogo Prima leva um carro do clube para Portimão e depois apanha os restantes colegas pelo caminho. Vai sair de casa às 06,00 horas de domingo e só regressa quase vinte e quatro horas depois, às 02,00 de segunda-feira.
No Campeonato Distrital, Barrancos e Renascente, jogam em escalões diferentes. Os da raia de Espanha são líderes da Série A da 2ª Divisão e os vizinhos do Atlântico ocupam o 8º lugar na prova máxima da AFB, o Distrital da 1ª Divisão.
Longuíssima viagem para equipa de trabalhadores
O plantel é composto por vinte jogadores, seis dos quais estrangeiros e com exceção de 4 atletas que residem e trabalham no Algarve (Portimão e Odiáxere), todos os outros trabalham na agricultura em, São Teotónio, nas várias estufas que existem na freguesia. O treinador-adjunto Sandro Calhegas, é militar da GNR e está colocado no posto de Odiáxere.
Luís Rosa, presidente do Renascente, fala de uma “viagem muito longa só comparada às deslocações do Portimonense a Chaves”, justificando que para um clube amador “é complicado dormir em Beja ou Moura, o dinheiro é escasso. Ainda assim vamos gastar 500 euros só neste jogo”, conclui.
“No campeonato os objetivos passam pela manutenção. Na taça? Temos o sonho, há muitos anos, de disputar a final. Na 1ª eliminatória derrotámos o Moura, candidato a subir aos Nacionais, por 4-2, por isso temos sérias aspirações”, finalizou Luís Rosa que já prepara a lancheira para uma viagem de quase 500 quilómetros com muito para contar às gentes de São Teotónio.
Teixeira Correia
(jornalista)