Beja: Faltaram nove dos dezasseis arguidos do julgamento por auxílio à imigração ilegal.
Nove dos dezasseis arguidos acusado dos crimes de associação de auxílio à imigração ilegal e de falsificação de documentos, faltaram ontem à primeira sessão do julgamento que teve início no Tribunal de Beja. Efim Bezusci, apontado pelas autoridades como o chefe da rede, está fugido, encontrando-se algures no seu país de origem, a Moldávia.
O caso remonta a 2007, quando o grupo de forma fraudulenta angariou mais de quatro dezenas de cidadãos moldavos a quem cobrou em 1.000 e 4.000 euros/ por pessoa, para conseguir vistos de trabalho para laboral em Portugal, segundo a acusação, com a ajuda de Sofia Rosendo, então gerente da empresa Sudoberry, localizada em Brejão/São Teotónio, que diz-se, tirou benefícios económicos da situação.
No entanto o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) seguia com a investigação, que deu origem a uma segunda acusação, que ampliou o número de crimes de alguns dos arguidos.
Dos sete acusados presentes, só três se dispuseram a falar ao Coletivo de Juízes e todos “negaram” conhecer e que “nunca” se viram, exceto no banco dos réus.
Sofia Rosendo, confirmou ter elaborado cerca de duzentos contratos promessa de trabalho, para fazer face à necessidade de mão-de-obra da empresa, que chegou a ter 400 trabalhadores, mas daqueles poucos mais de quarente trabalharam para a Sudoberry.
A mulher justificou que foi a empresa “que contatou” a Embaixada da Roménia e ficou a saber que “muitos dos vistos de entrada em Portugal tinham sido emitidos”, mas as pessoas “não chegaram” a laborar na empresa.
Sofia acrescentou também que as autoridades “avisaram que as pessoas chegaram para uma empresa vizinha”, deixando a acusação de que “ainda hoje não há controle à emissão de vistos a partir de uma promessa de trabalho”, justificou.
“O SEF pediu para recebermos cópias de passaportes, não tratar dos processos e manter segredo”, justificando que se alguém “cobrou ou ganhou dinheiro não era a sua pessoa e estava alheia à empresa”, concluiu.
Quando confrontado com escutas telefónicas sobre dinheiro “negou ter recebi” e com o nome de um tal Paulo, “não sei quem é”, rematou.
Sofia Rosendo, citou os nomes João Agostinho, ex-diretor do SEF em Beja, Leonor Serrão, inspetora do SEF, responsável pela investigação e Carlos Graça, atual diretora da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), em Beja, como as pessoas que falou sobre a forma de “fazer contratações e ajudar na investigação”.
O Ministério Público considera que para “se chegar à descoberta material da verdade”, ser essencial ouvir mais do limite de 20 testemunhas, pelo que estão arroladas perto de meia centena de pessoas para depor.
Teixeira Correia
(jornalista)