Beja: “Porquinho Doce” a um passo da final.
O “Porquinho Doce” está entre os 28 doces que ainda estão em prova, a um passo de poder “entrar” na Final Nacional do concurso “7 maravilhas doces de Portugal”.
Na confeitaria Bejense, atual Pastelaria Luiz da Rocha, fundada em 1893, já se fabricava este doce que teve a sua origem no Real Convento Nª Sª Conceição. Hoje, várias pastelarias da cidade o fabricam e vendem.
Depois de passar por várias mãos, a Pastelaria Luiz da Rocha, é desde 1976, uma cooperativa de trabalhadores que nessa data adquiriram a sociedade. Emprega 38 trabalhadores, dos quais 80% são cooperadores. Tem fábrica própria e 2 pontos de venda na cidade.
É um dos marcos de identidade da cidade e referência em vários roteiros turísticos nacionais e mundiais.
Sobre o PORQUINHO DOCE
Doce fino de Beja, e muito típico da época natalícia, o porquinho doce é riquíssimo em história e sabor. Se por um lado nos desperta a curiosidade pela iconografia, tão característica do imaginário alentejano, por outro encontra as suas raízes na importante tradição conventual que durante séculos marcou a cidade e os seus arredores. Conta por isso uma história de território e das gentes que por Beja passaram e é hoje mais atual do que nunca como um dos mais doces símbolos da cidade.
Ingredientes: Açúcar, amêndoa, ovos, cacau, gila, pão
Numa boa mesa de Beja, não tenhamos dúvidas de que o porco é rei. Poderá marcar presença à refeição mas também à sobremesa, representado através de um dos ex-libris mais icónicos da cidade: o porquinho doce. A representação é sui generis, e deverá explicar-se precisamente pela importância do porco na economia e alimentação da região. Difícil será datar a sua invenção iconográfica, pois se a preparação é, sem margem de dúvidas, de inspiração monástica, a iconografia poderá ou não dever à inspiração das freiras dos conventos de Beja. Segundo Alfredo Saramago devemos a criação do porquinho doce, ou porco doce recheado, às freiras baptistas por contraponto às freiras evangelistas que teriam desenhado o “cordeiro recheado”. Ambas do Real Convento de Nossa Senhora da Conceição, atual Museu Regional de Beja e célebre por ter sido residência de Mariana Alcoforado, na base das tradições religiosas será mais acertado pensar, a ser verdade esta curiosa disputa, no inverso e relacionar o porquinho com as freiras evangelistas.
O processo de fabrico baseia-se em 4 espémices: doce de ovos, gila, massa de pão e amêndoa e pasta de cacau.
Com este 4 preparados, inicia-se o processo de montagem individual do Porquinho Doce: corta-se a quantidade de massa de pão e amêndoa proporcional ao tamanho do doce, faz-se um rolo, espalma-se e coloca-se na base; por cima dispõe-se o doce de ovos previamente feito em rolo; abre-se uma cavidade onde se coloca o doce de gila; coloca-se outra porção de doce de ovos e por fim a massa de pão. Molda-se à mão para dar a forma desejada; corta-se uma parte da pasta de cacau e coloca-se por cima do preparado anterior, é esta pasta que dá a tonalidade ao porco, tornando-o similar ao ‘porco de raça alentejana’. Com a referida pasta faz-se à mão, o focinho, as orelhas, as patas, o rabo e ainda os leitões, as bolotas e os maceirões. Os olhos são feitos em chocolate branco e negro por uma fábrica de chocolate local.
É fabricado ao longo do ano, no entanto, é na época de Natal que tem o pico da procura, altura em que a produção chega a ser 40 vezes superior ao normal. É um produto que faz parte das tradicionais mesas de Natal de Beja e é oferecido como produto representativo da cidade. Este doce aparece um pouco pelas mesas de todo o país e, pela mão dos emigrantes, chega aos quatro cantos do mundo.
É o único doce do Distrito de Beja a concurso. À Final Nacional irão apenas 14 doces, por isso, até dia 31 de agosto vote através do número 760 107 094.