O Bispo de Beja justifica que “é tudo legitimo, não há segundas intenções”. As irmãs do Instituto/ Congregação Hesed, de origem brasileira, que têm casas em Elvas e no Torrão (Alcácer do Sal), podem ser as novas habitantes do espaço.
Depois da notícia que dava conta da presença de freiras vindas de Espanha e leigas da Ordem Terceira de Beja, no Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, que tinham trancado os portões com uma corrente e cadeado, o Bispo de Beja deu uma entrevista ao Lidador Notícias (LN) onde revelou o que está a ocorrer no/e com o espaço.
D.João Marcos afirmou “estar a par do que se está a passar”, e que a Ordem dos Carmelitas está a retirar todo o recheio do Carmelo para a sua sede em Espanha “porque lhes pertence. Não é património da Diocese”, justificando que tal se fica a dever ao facto da Ordem “não ter gente para reabrir este mosteiro. As irmãs que estavam no Carmelo estão agora em Sevilha”, concluiu.
“Todo o património que está no Carmelo é da Ordem e querem levá-lo e não há oposição a fazer. Não há aqui segundas intenções, é tudo legitimo”, assegurou o máximo responsável da Diocese de Beja.
O Bispo de Beja acrescentou que a Ordem dos Carmelitas “admite a vinda de um grupo de freiras de outra Ordem”, revelando que o espaço “foi recentemente visitado por irmãs do Instituto/Congregação Hesed (Misericórdia em hebraico) que tem duas casas em Portugal e pode vir um grupo de seis freiras”, rematou.
“A mim e à Diocese interessa ter uma comunidade orante na cidade e no Carmelo. A Hesed já visitou o espaço, que é muito grande e de avultada manutenção”, referindo D.João Marcos que o assunto “vai ser discutido por mim e outros meios da Diocese para uma decisão final”, acrescentando que caso esta possibilidade não se concretize “vai-se procurar outra solução”, rematou.
Quanto ao património do Carmelo, ao longo do dia de ontem as freiras espanholas, as duas leigas da Ordem Terceira e um funcionário do Centro Social e Paroquial do Salvador, que foi carregado para um furgão de matricula espanhola, alugado a uma rent-a-car, pela Ordem dos Carmelitas e transportado para Espanha.
Um ano depois de ter sido encerrado, 27 de setembro de 2022, terá sido colocado um ponto final na presença de freiras da Ordem dos Carmelitas, em Beja, e no Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, que foi fundado em Abril de 1954 por D. José do Patrocínio Dias, natural da Covilhã, que foi Bispo de Beja entre 1922 e 1965, tendo sido uma figura fulcral na restauração das Dioceses de Beja.
Para refundar o Carmelo, naquela data vieram seis carmelitas de Sevilha, quatro portuguesas e duas espanholas, incluindo Madre Priora. O Mosteiro foi edificado num terreno cedido por um casal de Beja, Maria e Francisco da Cruz Martins, tendo na altura do fecho em 2022, os herdeiros dos doadores colocado a possibilidade de reversão do mesmo, caso não fosse destinado à missão para que tinha sido cedido à Ordem dos Carmelitas..
O que é o Instituto/Congregação Hesed (Misericódia em hebraico)
Instituto Hesed dos Irmãos e das Irmãs da Santa Cruz e da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, chamado de forma breve de Instituto Hesed (Misericórdia em hebraico), foi fundado por Ir. Jane Madeleine e por Ir. Kelly Patrícia, no ano de 1997, na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, no Brasil.
O Instituto Hesed tem suas Constituições reconhecidas e aprovadas por Sua Excia. Revma., D. José António Aparecido Tosi Marques, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, tendo as religiosas fundado mosteiros em outras seis (arqui)dioceses brasileiras: Brasília (DF), Teresina (PI), Pouso Alegre (MG), Anápolis (GO), Natal (RN) e Belém (PA). Na Arquidiocese de Fortaleza há também a casa dos religiosos.
Em 2021 foram abertas em Portugal as casas na Arquidiocese de Évora, em Elvas e no Torrão (concelho de Alcácer do Sal).
Teixeira Correia
(jornalista)