(Exclusivo) Beja: Empresário pretende recuperar Torre do Bairro da Força Aérea.
Um empresário bejense pretende recuperar Torre do Bairro da Força Aérea (FA), para arrendamento. O investimento seria superior a 1,8 milhões de euros. A FA ainda não respondeu ao empresário.
Filipe Cameirinha, empresário do sector da hotelaria, agricultura e vinho, pretende recuperar o edifício conhecido como a “Torre” do Bairro da Força Aérea (FAP), em Beja, para criar apartamentos para arrendamento de curta duração, onde iria investir mais de 1,8 milhões de euros.
As negociações com a Força Aérea começaram no início de 2018, o empresário reuniu, pelo menos três vezes, com os militares, fez uma proposta, chegou a visitar as instalações com o coronel Fernando Costa, comandante da Base Aérea 11, unidade que gere o bairro, e até ao momento não obteve qualquer resposta do Estado-Maior da Força Aérea.
“Ao princípio acharam a coisa muito bonita, mas à medida que perceberam que tinha pernas para andar, o assunto começou a esmorecer”, justificou ao Lidador Notícias (LN), Filipe Cameirinha, que acrescenta que “de forma não oficial já me foi dito que o negócio não é viável, porque poderão precisar das instalações, face às alterações motivadas pela possível construção do novo aeroporto de Lisboa, na Base do Montijo”, remata.
Antes de contatar a FAP, o empresário contatou a Câmara Municipal de Beja de quem recebeu o aval para o projeto e que serviu de interlocutor entre as duas partes, tendo também dado conhecimento dos factos ao Instituto Politécnico de Beja.
“A ideia era fazer um contrato de arrendamento por 30/40 anos, mediante o pagamento de uma renda mensal à Força Aérea, A recuperação do edifício iria ser feita de forma gradual, porque está em muito mau estado de conservação e representaria um investimento nunca inferior a 1,8 milhões de euros”, justifica Filipe Cameirinha.
O jovem bejense, neto de um dos icónicos empresários da cidade, Leonel Cameirinha, salienta que a solução resolvia diversos problemas: “o mau aspeto que o edifício dá à cidade, a falta de verbas da FAP para o recuperar e criava arrendamentos mais baixos, de acordo com a realidade salarial da região. Todos ficámos a ganhar”, conclui.
A família Cameirinha é proprietária de um dos hotéis de Beja e Filipe explica que “temos diariamente a unidade ocupada com espanhóis ligados às empresas a olivicultura, também das empresas que operam no Terminal Civil”, acrescentando que deixava mais opções para o Hospital e o Politécnico “fixar os seus profissionais através do alugares de curta duração, a preços mais acessíveis”, rematou.
Para melhor retratar o posicionamento da Força Aérea, e agastado o empresário usa a metáfora do amor: “não fazem, nem deixam fazer. É só para empatar”, conclui.
O LN contatou o Gabinete de Relações Públicas da Força Aérea para saber se as negociações estavam concluídas ou não, se existia uma decisão sobre o assunto e se a mesma tinha sido comunicada ao empresário, o Tenente-coronel Manuel Costa esclareceu que: “a Força Aérea informa que existiram contatos entre as partes, não existindo qualquer desenvolvimento”, remataram.
Recentemente o presidente da Câmara de Beja foi recebido por João Cravinho, ministro da Defesa, sobre a mesma situação e a resposta foi a de que “precisam das habitações para os militares”, justificou Paulo Arsénio.
No dia 16 de dezembro, o LN trouxe à estampa que no Bairro da Força Aérea existiam mais de 200 apartamentos vagos, entre eles os do edifício que o empresário pretende recupera.
A “Torre” é um edifício com 10 pisos, com um total de 60 apartamentos abandonados, alguns no topo do prédio servem de dormitório aos pombos, que até há meia dúzia de anos funcionou como Alojamento dos Oficiais em Trânsito, tendo em finais de 2011 sido visitado, em pelo menos duas ocasiões, por militares da Coreia do Sul, quando se estudava a instalação na BA11, de uma escola de formação avançada de pilotos de aviões de combate, incluindo 25 caças T-50 Golden Eagle.
O Bairro Residencial foi construído há 50 anos com a chegada das unidades de instrução da Força Aérea Alemã (Deutsche Luftwaffe) e tem um total de 330 habitações. Trata-se de uma zona residencial composta de arruamentos, parques de estacionamento, zona verdes e diversas instalações de apoio social. A partir de 1993 e com a saída dos alemães de Beja, o bairro passou para a posse da FAP e está sob a administração direta do Comando da Base Aérea (BA) 11, através do chamado Grupo de Apoio da unidade.
Os militares residentes do bairro pagam por um apartamento T3, entre 40 e 50 euros/ mês, tendo que deixar os apartamentos depois de passarem à situação de Reserva ou deixaram em definitivo a Força Aérea.
Teixeira Correia
(jornalista)