(Exclusivo) Fª do Alentejo: Ministério Público arquiva processo de furto de trator nas obras do IP8. Militar da GNR foi arguido.
Ministério Público de Ferreira do Alentejo, arquivou o processo de furto de trator nas obras do IP8, avaliado em 100 mil euros. Um militar da GNR, o filho e o sogro deste, um agricultor, foram arguidos no processo.
A Procuradoria do Ministério Público (MP) de Ferreira do Alentejo arquivou, no passado mês de junho, o processo de inquérito do furto de um trator, avaliado em 100.000 euros, das obras de construção do IP8/ A26, ocorrido quatro anos antes, perto daquela localidade.
O processo teve três arguidos, um militar da GNR do posto de Ferreira do Alentejo, o seu filho e um agricultor, sogro deste último, mas, no despacho de arquivamento o MP sustenta que “não foi possível recolher indícios” para “acusar qualquer dos suspeitos ou outros” dos factos suscetíveis da prática dos crimes de furto qualificado, recetação e falsificação de documentos.
O caso ocorreu na noite de 6 de junho de 2012, quando o trator, propriedade da empresa Agotran, SA, com sede em Toledo (Madrid), subempreiteira das obras da via rodoviária, foi furtado de um estaleiro localizado no concelho de Ferreira do Alentejo. A par do furto da máquina, foram também furtados 3.000 litros de gasóleo, no valor de 4.500 euros, de máquinas industriais que estavam no mesmo estaleiro.
Dez dias depois do furto, o MP decidiu arquivar o inquérito. No entanto, em 20 de outubro de 2015, uma carta anónima recebida no posto da GNR de Ferreira do Alentejo, apontava o guarda, o filho e o sogro deste, o agricultor, como os responsáveis do furto, além de revelar o local onde o trator estaria guardado.
Face a estes novos indícios o MP decide reabrir o processo e emitir mandados de busca, tendo o trator sido localizado em Santa Vitória (na foto o trator quando localizado pela GNR), concelho de Beja, a cerca de 50 quilómetros do local do furto, num casão propriedade do agricultor.
Além de uma chave na ignição, a máquina agrícola, registada em Espanha, tinha chapas de matrículas portuguesas, pertença de um pesado de mercadorias, propriedade de uma empresa de Aveiro que monta armazéns agrícolas em aço.
Interrogados como arguidos, o militar da GNR afirmou desconhecer “os negócios do filho”, o agricultor sustentou que o genro “não deu qualquer justificação para guardar o trator no casão”, desculparam-se. Por seu turno o jovem, sustentou que “uma noite perto de Santa Vitória um individuo falando espanhol, pediu-me para guardar o trator e nunca mais apareceu”, justificação que o MP considerou como “versão estranha”.
Como a Agotran está em processo de insolvência, a Entidade de Serviços Partilhados da Administração Público (ESPAP), declinou o interesse pela máquina e a Câmara justificou não ter espaço para a receber, o MP decidiu que o agricultor fica como fiel depositário até a mesma “reverter para o Estado”, com vista a ser destruída.
Teixeira Correia
(jornalista)