De “Rei dos Olivais” ao banco réus, passado por um crédito mal parado de 90 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos, distam 17 anos desde que Manuel Cabrera empresário agrícola de nacionalidade espanhola chegou a Beja.
“Manolo”, como é conhecido no mundo rural, e a Agrícola Rabadoa, Lda, com residência e sede social em Baleizão, concelho de Beja, começam hoje (quarta-feira) a ser julgados por um crime de abuso de confiança, em virtude de ter ficado com o dinheiro dos descontos feitos nos salários dos trabalhadores, mas que nunca deu entrada nos cofres do Estado. Entre Novembro de 2015 e Julho de 2018, e ao longo de 14 meses, ficaram com 53.247,75 euros que deveriam ter sido entregues à Segurança Social.
Mas este não é o primeiro caso judicial que envolve o empresário, a sua mulher e as diversas empresas por si constituídas. Em novembro de 2015, deram entrada no Tribunal de Beja, 31 processos de insolvência de pessoa singular e coletiva, processos especiais de revitalização e execuções sumárias, envolvendo vários milhões de euros.
Uma das execuções sumárias, no valor superior a 28 milhões de euros, foi movida pelo Fundo Aquarius, Fcr, representado pela Oxy Capital, SA, que se destina à aquisição de empresas em dificuldades financeiras, movido contra Cabrera e a mulher, que foi extinta em consequência da aprovação de um plano de recuperação na insolvência.
Em meados de março passado, deram entrada no tribunal, duas novas execuções ordinárias contra empresas de Cabrera, a Quinta do Zambujal e a Debranco, ligadas à olivicultura sedeadas na Quinta de São Pedro, em Baleizão (Beja), por uma empresa de etiquetas auto adesivas, no valor de 26.946,16 euros.
Quem conhece “Manolo” Cabrera, fala de um indivíduo que chegou a Beja “montado num carro a cair aos bocados, comprando e vendendo borregos e que mais tarde se dedicou ao setor do olival e do azeite”, sustentando que os investimentos foram sempre “suportados” com empréstimos da Caixa Geral de Depósitos, daí os processos do Fundo Aquarius. Primeiro comprou uma propriedade com 620 hectares, depois adquiriu a emblemática Herdade da Rabadoa, em Baleizão, com mais de 2.000 hectares, que agora pertence e é gerida pela Oxy Capital.
Teixeira Correia
(jornalista)