Fez tudo no ciclismo: ciclista, mecânico, massagista e diretor desportivo. Foi massagista do lendário Joaquim Agostinho. Passou também pelo futebol.
Fisioterapeuta reformado
Naturalidade: Funcheira (Ourique)
Foi tudo no ciclismo profissional. Primeiro como ciclista do Benfica, depois mecânico de bicicletas, massagista, onde durante três anos “tratou das pernas” do lendário Joaquim Agostinho, selecionador nacional e diretor-desportivo (treinador). Aos 15 anos, por influência de Alves Barbosa, a grande figura do ciclismo português da época, comprou a primeira bicicleta e começou a treinar sozinho, com o objetivo de ser ciclista profissional.
Ao serviço da Federação Portuguesa de Ciclismo, como selecionador nacional conquistou com Sérgio Paulinho a primeira medalha de ouro para Portugal, nas Jornadas Olímpicas de Amesterdão e depois em 1996 com Cândido Barbosa, a de Campeão Europeu de Esperanças. Enquanto diretor-desportivo ganhou duas edições da Volta a Portugal. A primeira em 1988 com o britânico Cayn Theakston (Louletano/Vale do Lobo) e em 2000, naquela que seria a última organizada pelo Jornal de Notícias (JN), com Vítor Gamito (Porta da Ravessa).
Nascido na Funcheira, concelho de Ourique, um interface ferroviário da Linha do Sul com a do Alentejo, que nos anos 60/70 foi um importante complexo ferroviário e é pela ligação aos comboios que deixou a aldeia. Depois de almocreve (jornaleiro que fazia de tudo no campo), o pai foi trabalhar para os Caminhos-de-Ferro no Barreiro e aos 10 anos, Orlando deixou a terra natal. E foi aqui que ganhou a paixão pelas bicicletas, tendo cinco anos depois comprado uma “pedaleira” em ferro. Treina sozinho e de noite, à luz de um dínamo instalado no velocípede. Participa nos Jogos Juvenis do Barreiro, ganha a prova e o seu aparecimento na revista Flama, levam-no a treinar no Benfica. “Fui de bicicleta do Barreiro até ao Estádio da Luz, mas por Vila Franca de Xira. Ganhei uma prova de seleção com 100 jovens e fiquei no clube”, lembrando que “dormi uma semana com a camisola do Benfica vestida”, rematou.
Fez a primeira Volta a Portugal com 18 anos, tendo o clube pago a outro militar para ocupar o seu lugar na guerra colonial em Moçambique. “Era um rapaz também alentejano da zona de Beja que acabou por morrer por lá”, relatou. Em 1973, último ano como ciclista profissional correu a Volta à Espanha, que viria a ser ganha pelo mítico Eddy Merckx. Depois foi mecânico, mas é como massagista que acompanha Joaquim Agostinho na sua carreira em França: “foram três anos excecionais”, diz.
Lousa, Sporting, Louletano, Tavira, Tróiamarisco e Porta da Ravessa, foram equipas onde esteve como diretor-desportivo, mas, para Orlando Alexandre marcante foi a passagem pela Sicasal/Acral, que considerou “a grande revolução do ciclismo português, pelas condições que deu a corredores e staff”, remata. Em 2001 coloca ponto final no ciclismo: “nunca mais fui a provas. Foi uma página importante que virei na vida”, sustenta.
Virou-se para o futebol e foi como massagista que passou 10 anos no Pinhalnovense. “Trabalhei com Paulo Fonseca, atual treinador da Roma, um Homem e um Profissional integro que merece toda a sorte que tem tido”, acrescentando que massajou “durante alguns anos” aquele que é agora grande figura do Big Brother, Gonçalo Quinaz. “Um excelente moço que passou ao lado de uma grande carreira”, remata.
Na sua casa em Chão Duro (Moita), do escritório fez um museu onde retrata a sua vida no ciclismo, onde mostra a miúdos e graúdos “o que a vida me ensinou”.
Teixeira Correia
(jornalista)