Pomarão/Mértola: Fronteira fechada, contas mais pesadas.


Custos da carne, bebidas, combustível e gás significam mais 300 euros/mês. Residentes do Pomarão e localidades próximas esperam reabertura.

O fecho da travessia da Ponte Internacional do Baixo Guadiana, na ribeira de Chança e o rio Guadiana, a ligação entre o Pomarão (Mértola) e El Granado (Huelva) tornou a outra margem numa dolorosa miragem para o casal Colaço, Fernando e Maria dos Anjos.

Proprietários de uma oficina de serralharia de ferro e alumínio em Mina de São Domingos, a meia dúzia de quilómetros da fronteira, viram a sua carteira levar um forte rombo, com o fecho da passagem para Espanha. Impossibilitada ficou a compra de produtos para o consumo diário de casa, o combustível para a viatura do trabalho e a impossibilidade de fazer a colocação de portas e janelas em clientes das localidades espanholas.

“É um valor muito significativo o que deixamos de poupar, por não podermos ir a Espanha. No mínimo 300 euros. Uma garrafa de gás custa menos 12 euros, o gasóleo mesmo 30/35 cêntimos”, justifica Fernando Colaço. Ao seu lado na oficina, Maria dos Anjos lembra que “a carne de porco preto, além da qualidade tem um preço muito inferior”, justifica.

Um mal não vêm só e também recebem menos nas vendas. “Temos portões, portas e janelas para colocar em vários povoados, mas ir por Castro Marim ou Ficalho, é impensável. Contamos com a compreensão dos clientes”, atira o serralheiro.

“A juntar a tudo isto falta o descomprimir de um dia de trabalho. Agarrávamos na carrinha e íamos a Paymogo ou El Granado beber “una canha”. Agora é casa/oficina e oficina/casa”, diz triste a mulher.

No antigo porto mineiro de Pomarão, que fazia a diferença são os clientes espanhóis. Que o diga Maria Noémia que desde o início da pandemia e mesmo de fronteira aberta teve que encerrar o restaurante.

Opinião diferente tem um reformado alemão, há 20 anos radicado na aldeia, que considera que o “silêncio é magnífico”, chamando-se por isso a brincar, o “Keiser do Pomarão”.

Maria Noémia (Residente-Empresária da restauração): “Dediquei-me à horta para produzir produtos e consumir em casa. Sem clientes de Espanha, não vou reabrir o restaurante”.

Thomas Keiser (Residente-Cidadão alemão reformado): “Com a fronteira fechada é muito melhor. Está tudo mais calmo. Os espanhóis quando vêm fazem muito barulho”.

Teixeira Correia

(jornalista)

Foto de Fernando e Maria Anjos Colaço  (Leonardo Negrão/ Global Imagens)


Share This Post On
468x60.jpg