Beja: Diogo Santos, “O mestre dos malacuecos e das farturas”.
Reside em Beja, mas nasceu em Elvas. Começou por vender brinquedos, mas é a “meter as mãos na massa” que é um verdadeiro mestre. No Natal Diogo Santos faz da e na sua vivenda a “A Casa do Pai Natal”, uma obra de arte com cerca de 500 figuras.
Profissão: Fartureiro/ Malacuequeiro
Natural: Elvas e Residência: Beja
É o segundo de cinco filhos de um feirante de Barcelos, que há mais de meio século veio para o Alentejo vender loiça e nasceu durante a Feira de São Mateus, em Elvas, tendo sido batizado na Igreja do Senhor Jesus da Piedade, na cidade raiana, no dia seguinte ao final do certame.
Foi também numa feira, desta feita em Garvão, concelho de Ourique, que se perdeu de amores por uma moçoila alentejana, com quem casou e o levou a estabelecer raízes em Beja, de onde é Glória, a sua mulher e mãe dos dois filhos, Fátima e Miguel.
Depois de casar, Diogo Santos estabeleceu-se por conta própria, seguindo a “escola do pai”, vendendo nas feiras. “Durante quatro anos vendi brinquedos, mas as mudanças dos tempos fizeram-me mudar para outra área que conhecia bem, os malacuecos e as farturas e há mais de 25 anos que meto as mãos na massa”, justificou.
Para a Família Diogo, a época começa na Feira do Porco Alentejano, em Ourique, para depois percorrer os principais certames do Alentejo, de Mértola, a Viana do Alentejo e de Castro Verde a Grândola. Pelo meio ficam dois meses nas praias de Soltroia e da Comporta e a partir de meados de novembro até final de fevereiro, trabalha junto a uma superfície comercial de Beja.
Nas feiras, os amantes da massa frita apelidam Diogo Santos como “o mestre dos malacuecos e das farturas”, pela sua capacidade de trabalho e a gulodice dos seus produtos. “É tudo fabricado na roulotte, na hora e em frente ao cliente. Não há massa de um dia para o outro”, atira feliz.
No que diz respeito às farturas, o “mestre” esclarece que “cada roda dá doze unidades e cada uma tem cerca de 20 centímetros, são 2,40 metros que entram de cada vez na sertã” e em relação aos malacuecos revela que só faz “o tradicional alentejano. Só em Beja é que sabemos fazer a massa adequada”, remata.
Das muitas feiras onde todos os anos marca presença, “Castro verde e Grândola são as preferidas. São das poucas à moda antiga que ainda restam, onde ainda há as barracas dos frangos assados, com o tradicional cheiro e o fumo”, justifica.
Com exceção da filha que estuda medicina veterinária em Lisboa, que não quer seguir a tradição da família, mas que ainda assim ajuda aos fins-de-semana, a mulher e o filho também se dedicam a “meter as mãos na massa”, porque a frota já é grande. Quatro relottes de fabrico de malacuecos e farturas, uma de waffles e crepes e uma de street-food, com bifanas e hambúrgueres, a que se juntam os insufláveis. A partir de janeiro de 2020, o filho Miguel vai ter a sua própria relotte e o seu negócio autónomo.
Mas a Família Diogo Santos é conhecida no concelho de Beja, em particular nas escolas e infantários, por há doze anos fazer um presépio diferente na frontaria da sua vivenda. “A Casa do Pai Natal”, assim se chama, uma obra de arte com cerca de 500 figuras, que todos os anos é diferente. “A partir de 25 de novembro mãos à obra com o presépio”, diz sorridente e feliz o “mestre dos malacuecos e das farturas”
Teixeira Correia
(jornalista)